Um dilema interessante para cientistas...


Muitas profecias são auto-realizadoras, ou seja, a própria divulgação de uma opinião sobre o que ocorrerá faz com que a probabilidade de ocorrência aumente. Isso acontece com previsões econômicas, tanto otimistas quanto pessimistas, e até mesmo previsões amorosas. E um dos grandes motores para a realização dessas profecias auto-realizadoras é o pânico: uma profecia de que certo banco irá ir à bancarrota produz uma corrida aos saques que efetivamente leva o banco à falência.

O pânico é uma reação emocional coletiva e normalmente não traz benefício algum, mas apenas desordem social. Um interessante dilema é colocado então para pessoas que possuam algum tipo de informação capaz de produzir pânico. Deve ela tornar pública a informação mesmo se isto causar pânico?

Vejamos alguns exemplos hipotéticos:

1. Você é um astrônomo que detetou um gigantesco meteoro vindo em direção à Terra. Os governos reconhecem que nada é possível fazer. Questão: a informação deveria ser escondida do público para evitar o pânico?
2. Você é um economista e suas melhores análises lhe mostram que a crise se estenderá até 2011 ou mesmo 2012. Questão: vale a pena você divulgar sua opinião e assim talvez contribuir com uma profecia auto-realizadora?
3. Qual deve ser o papel ético  de cientistas nestes casos? Falar a verdade ou mentir a fim de evitar pânico?


Londres, 18 mai (EFE).- Por trás da ideia de que a crise econômica acabará em 2010 estão os interesses do setor financeiro, que procura propagar esta afirmação para evitar uma maior regulação dos mercados, afirmou hoje o analista britânico Robert Wade.

Professor da London School of Economics, Wade conversou com a Agência Efe e previu que a economia mundial só voltará a crescer em 2011, "e não em 2010, como dizem os otimistas".

Desta forma, o especialista, membro do Fórum de Economistas da "Financial Times" - que reúne 50 dos mais influentes economistas do mundo -, questionou as previsões do Banco Central Europeu (BCE) e do Federal Reserve (Fed, banco central americano), que asseguram ver a luz do fim do túnel em 2010.

Por trás dessas projeções, afirma Wade, está a influência do setor financeiro, que "quer dizer às pessoas que a recuperação é iminente e que é capaz de que tudo volte a como era antes porque rejeitam uma mudança significativa na regulação, qualquer restrição".

"Querem que o futuro das finanças seja igual ao passado e farão de tudo para conseguir isso", acrescentou.

"Sou partidário de uma mudança, principalmente na forma anglo-americana de entender o capitalismo, dirigido, por exemplo, ao modelo francês, que está enfrentando bem a crise. Mas estou pessimista. O setor financeiro não quer o mesmo", continuou.

Para chegar a estas conclusões, o analista estudou a evolução de cinco crises econômicas ocorridas em países ocidentais com características comuns à atual, como a queda dos mercados imobiliários e financeiros e da produção.
Foto: 

(2007-2009) WORLD FINANCIAL CRISIS

   Countries in official recession (two consecutive quarters)
   Countries in unofficial recession (one quarter)
   Countries with economic slowdown of more than 1.0%
   Countries with economic slowdown of more than 0.5%
   Countries with economic slowdown of more than 0.1%
   Countries with economic acceleration

(Between 2007 and 2008, as estimates of December 2008 by the International Monetary Fund)

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