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Mostrando postagens de dezembro, 2006

Terremotos e Tecnomotos

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Eu não me lembro direito, mas me parece que o tema do meu projeto de pós-doc no grupo do Fontanari no IFSC era sobre sistemas críticos auto-organizados acoplados. Ou será que foi no pós-doc com o Salinas ? Não lembro e estou com preguiça de consultar meu currículo Lattes... Ou seja, se eu tenho dois sistemas críticos auto-organizados (o que quer que isso signifique) e eu os acoplo ainda que de maneira fraca, de que modo as avalanches em um deles podem se propagar para o outro? Ainda de outro modo, será que sistemas críticos, quando acoplados, já não são separáveis (no sentido de teoria de perturbação) e se tornam um só sistema devido à ausência de escalas espaço-temporais típicas, flutuações críticas etc e tal? Se você não está entendendo esse monte de jargão, não faz mal, eu também não sei o que seja Fenomenologia (em Filosofia) e levei anos para entender (acho) o que seja Dialética, embora sejam termos que todo mundo que escreve no Caderno Mais da Folha usa e os leitores não recl

Fractais para crianças

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Bom, parece que não conseguirei escrever mais nada sobre a questão da escrita simples na divulgação científica, especialmente depois que o João Alexandrino, com seu poema iconoclasta, fez a pergunta fatal: simples para quem? Assim, acho que talvez pudessemos pensar a questão em termos de um emissor (o jornalista ou cientista) que tenta enviar uma mensagem para um receptor (vários grupos a serem definidos, por exemplo, leitor de jornal, estudante do ensino médio, espectador do Fantástico etc.). Assim, a nossa questão seria: como diminuir o nível de "ruído" ao longo da transmissão da mensagem, ruído produzido pelo uso de termos e conceitos que não fazem parte da bagagem cultural do público alvo? Você concorda com esta redefinição do problema, Maria? Bom, há algum tempo atrás, informado por um editor da Ediouro de que o verdadeiro filão do mercado editoral brasileiro é o setor de paradidáticos (por exemplo, as edições em geral têm entre 100.000 e 500.000 exemplares, na maior par

Excêntricos (II): Luca Turin

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Ok, ok, sim eu li o livro do Luca Turin . Achei que, se ele estiver certo, sua história seria mais um exemplo interessante da afirmativa Kuhn-Plankiana de que novas teorias só vencem quando os defensores das velhas teorias envelhecem e morrem (na verdade, acho mais plausível que a mudança se de via comportamento de manada, ou seja, quando coletivamente os cientistas começam a ponderar, de forma agnóstica, os ganhos e perdas de uma mudança de posição. Ou seja, para se fazer pesquisa sobre uma dada teoria, não é necessário acreditar nela, mas apenas ficar motivado por sua possível fertilidade, facilidade de ataque de problemas e obtenção de resultados (mesmo negativos), financiamento, recompensa para quem chegar primeiro (ou em segundo) caso a teoria esteja correta. Tudo isso, claro, fica facilitado se alguns lideres científicos (os caras do extremo da distribuição de status científico e intelectual -os dois status não necessariamente coexistem) derem seu aval sinalizando aos jovens pesq

Excêntricos (I)

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Eu ainda preciso achar aquela referência de um historiador da matemática, que o Daniel Ferrante achou horrível, dizendo que os grandes avanços nessa área se devem a apenas meia dúzia de pessoas a cada século. Acho que isso talvez seja plausível, não sendo louvação do mito do gênio histórico mas sim apenas mais um caso de eventos extremos em leis de potência aplicadas a impactos científicos (ou seja, as revoluções Kuhnianas justificadas pela física estatística). Interessante comparar esta notícia da Folha , redigida pelo Ricardo Bonalume, com esta outra da Revista FAPESP . Notar o uso diferente de analogias, simplificações e ênfase em fatos curiosos (como o título já diz). Gênio excêntrico fez descoberta do ano RICARDO BONALUME NETO da Folha de S.Paulo A resposta para um enigma secular da matemática, a conjectura de Poincaré, foi considerada pela revista científica americana "Science" o mais importante avanço científico de 2006. O feito foi obra de um excêntrico e recluso m

Miguel Nicolelis e Mayana Zatz começam a blogar

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Os mundialmente conhecidos cientistas brasileiros Miguel Nicolelis, da Universidade de Duke e Mayana Zatz , atual pró-reitora de pesquisa da USP, lançaram recentemente seus blogs no portal de notícias da Globo. Isso é uma ótima notícia para nós blogueiros científicos! Isto porque ambos cientistas são pessoas extremamente ocupadas mas duvido que alguém vá criticá-los por estarem desperdiçando seu tempo. Que tenham iniciado seus blogs poderia ser explicado pelas seguintes razões: Blogs já podem ser considerados ferramentas consagradas de divulgação científica, especialmente se hospedado por um portal de notícias (o portal da Globo contém mais meia dúzia de outros blogs científicos que comentarei no futuro); Manter um blog de ciências é uma atividade de extensão universitária que complenta o ensino e a pesquisa: o pesquisador divulga a sua área mas também presta contas ao público refletindo sobre as implicações do seu trabalho e de seus colegas; Ok, ok, eles postam apenas a cada semana o

Artemis Fowl - Uma sugestão de livros para as férias

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Você tem filhos na pré-adolescência e não sabe o que conversar com eles? Bom, a culpa é de quem? Sei, sei, você não tem tempo para compartilhar o universo deles, existe o tal gap geracional etc. Ok. Bom, dou aqui uma sugestão que funcionou comigo: dividir com eles, durante as férias, a experiência de leitura de livros de fantasia, os tais livros de múltiplos níveis de interpretação. Então eu recomendo, para começar, a série do Artemis Fowl , que acho muito mais criativa que a do Harry Potter (ok, eu não li Harry Potter, só vi os filmes com as crianças e talvez esteja sendo injusto). Qualidades da série? Uma mistura de ação e mitologia irlandesa (onde as fadas usam armas e computadores de alta tecnologia!). Artemis é um menino de 12 anos, gênio do crime e anti-herói. A fada policial Holly Short é inteligente e sexy. O livro foi proibido e excluido das bibliotecas em várias escolas americanas. Mariana, que se orgulhava de detestar ler (para contrariar o pai), agora trocou a novela e o

Dawkins no blog da Nature

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Legenda: Snapshot of faith. People in the UK are less likely to believe in God than those in any other country, according to a BBC-commissioned global survey of religion. The survey was conducted in January 2004 by independent research company ICM for the BBC's What the World Thinks of God programme. Gráfico retirado deste site da BBC . Não sei porque mas não estou tendo acesso a este post do blog da Nature aqui na USP. Se alguém tiver acesso, me mande um pdf. Delusions of faith as a science Dawkins's attempt to test the existence of God is as silly as using logic to tear down Santa Claus in the eyes of a child, says Henry Gee. In his book Unweaving The Rainbow , Richard Dawkins boasts (boasts!) that he told a six-year-old that Father Christmas doesn't exist. His logic was purely scientific - there wouldn't be time for Santa to reach the homes of all the good children in the world in one night. Achei os comentários nesse post meio cansativos (a conversa de surdos de s

Roda de Ciência

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Ok, ok, voltando e pedindo mil desculpas pelos links quebrados. Vou colocando aqui minhas colaborações para a Roda de Ciência . Depois escrevo um texto meu, por enquanto vai aqui uma notícia da USP online para quem não viu: Blogs de pesquisadores incentivam nova forma de discussão acadêmica Paulo Gama / USP Online Até pouco tempo atrás, quando um pesquisador decidia expor suas idéias em algum meio diferente das tradicionais publicações científicas, esbarrava em limitações técnicas, como por exemplo a dificuldade para construir um site pessoal ou criar um grupo de discussão. Blog no qual a professora Elizabeth Saad Correa, da ECA, é colaboradora Recentemente, com a popularização dos blogs, esses pesquisadores viram aberta uma nova porta, que impulsionou um tipo diferente de debate. Nessas páginas virtuais, surge uma discussão um pouco menos acadêmica e mais ligada a temas cotidianos, que consegue atingir um público diferente, menos ligado às universidades, mas maior em quantidade. “Com