Ateísmo Científico: um manifesto


Vou lançar um manifesto aqui e ver se o Kentaro Mori e o Roberto Takata assinam (embora Takata me disse recentemente que não é ateu - virou agnóstico?).

Ateísmo Científico: Um Manifesto

Existem diversos tipos de ateísmo, sendo os mais proeminentes o ateísmo filosófico, o ateísmo metodológico e o ateísmo ideológico. O ateísmo filosófico é simplesmente a posição filosófica que afirma, com variados graus de probabilidade (no sentido de crença Bayesiana), que o Deus (deuses) das religiões tradicionais e o Deus dos filósofos não existe. Dessa afirmação não decorre necessáriamente nenhuma consequência em termos de filosofia de vida ou ação política: é apenas uma postura filosófica.

Já o ateísmo metodológico é uma regra epistemológica que prescreve que, não importando a posição filosófica do pesquisador ou cientista, ele não deve apelar para hipóteses que envolvem a ação de Deus ou deuses para explicar fenômenos naturais. Este princípio metodológico é aceito e usado mesmo por cientistas religiosos e acadêmicos que não são ateus filosóficos.

O ateísmo ideológico afirma que a crença em Deus (ou pelo menos as instituições religiosas) são, basicamente, prejudiciais ao ser humano. Por ideologia entendemos uma filosofia que prescreve ações políticas. Desta posição decorre que crenças religiosas devem ser combatidas intelectualmente e politicamente. Uma afirmação menos geral, a de que certas crenças e instituições religiosas são perniciosas e devem ser combatidas, pode ser adotada tanto por ateus ou religiosos.

Neste manifesto, propomos um novo tipo de ateísmo, o Ateísmo Científico, definido por 6 pontos:

I. O Ateísmo Científico é racional: usa apenas argumentos de natureza científica, ou seja, tenta evitar metodologicamente as falácias lógicas, falácias estatísticas e afirmações empiricamente refutadas. O uso de argumentos puramente retóricos e emocionais é minimizado.
II. O Ateísmo Científico é acadêmico: defende a liberdade de expressão e opinião, o rigor e a honestidade intelectual.
III. O Ateísmo Científico usa a metodologia científica: sempre tentará embasar com evidências científicas o diagnóstico de que um dado aspecto da religião é pernicioso. Por exemplo, a afirmativa de que a religião inspira intolerância e violência deverá ser embasada a posteriori em estudos sociais, históricos e estatísticos academicamente respeitáveis em vez de ser afirmada de forma a priori.
IV. O Ateísmo Científico é falseável: assume o falsificacionismo Popperiano em relação a si mesmo, ou seja, define a priori as condições empíricas ou teóricas que implicariam em sua refutação.
V. O Ateísmo Científico é academicamente cordial: mantem-se dentro dos padrões de cordialidade acadêmica vingente na comunidade científica, sem o uso de ofensas pessoais e falácias ad hominem.
VI. O Ateísmo Científico não é conspiratório: ou seja, não usa argumentos que envolvam raciocínios conspiratórios e teorias de conspiração, uma vez que tais argumentos são a priori irrefutáveis.

Lista de assinaturas:

1. Osame Kinouchi Filho - OsameKinouchi
2. André Luiz Alves Rabelo - (André, mande seu nick de twitter!)
3. E. Helena Neviani - Be_neviani
4. Juliana Motta Kinouchi - julianakinouchi
5. Mônica Guimarães Campiteli
6. Rodrigo Rota
(Seja o próximo!)

Observação: Estamos abertos para mais sugestões de items para a definição do Ateísmo Científico. Os mesmos princípios poderiam ser usados para definir o Ceticismo Científico, o Agnosticismo Científico e o Darwinismo Cosmológico, embora as posições filosóficas e ideológicas dessas diversas correntes sejam diferentes.

Este manifesto foi inspirado pelo seguinte post (o fato de não concordar inteiramente com ele me motivou a definir melhor o que seria o Ateísmo Científico):

As a scientific blogger, the one thing I hate is when people take scientific findings and then distort them to try and prove and disprove things that they, in fact, do not prove or disprove.

It is painful when religious folks do it. It is much, much worse when scientists do it.

Lets take Atheism, for example. First of all, I respect atheism as much as I respect other types of belief. It takes a certain amount of courage to believe in something like atheism, especially since it basically states that there is no God, there is no soul, and life has no purpose.

However, I have seen people who have tried to use science to "prove" atheism, and this is just as wrong as using science to "prove" a young earth, or to "prove" intelligent design. Its worse, actually, bacause the scientific atheists are very familiar with scientific processes, and they should know better.

Lets start with the fundamentals of scientific athiesm. Although some people may contest these statements; from a scientific viewpoint they are quite valid, so we will take them at face value for the sake of our argument.

1. There is no evidence that God exists.

2. The universe appears to function just fine without a God running it.

From these two statements, which we will take as Truth, the scientific atheist concludes that God does not exist. From a purely logical standpoint, we can see the fallacy of this belief. From a scientific standpoint, this is lazy intellectualism. Lets take these things one at a time:

1. There is no evidence that God exists. I always like to fall back on String Theory to debate this one. String Theory is widely accpeted by many in the physics community. String theory explains much about the universe, the mathematics are elegant, and it provides a road map to the Holy Grail of physics: A Grand Unified Theory. The downside? There is absolutely no evidence that strings exist. Not only have we never seen one, there is no existing theory that explains how it would even be possible to see one.

2. The universe appears to function just fine without a God running it. Lets go back to physics again. Everyone has heard of Protons and Neutrons. Have you ever heard of a Lambda particle, or an Omega particle? They are hadrons, like protons and neutrons, only they are heavier. They are also utterly unnecessary for the functioning of the universe. In fact, when these heavier hadrons were first discovered, one scientist who witnessed this stream of irrelevant particles pop out of their particle accelerator exclaimed "Who ordered THAT!?"

So, if its possible for 1) something to exist that we don't have evidence for and 2) something to exist that is scientifically unnecessary, is it possible for something to exist that we don't have evidence for AND is scientifically unnecessary?

The answer is, from a completely scientific, rational standpoint: absolutely! There is NO other answer that is intellectually honest. And yet, the scientific athiest continues to argue the opposite, and worse, claims that his beliefs are supported by scientific evidence.

I've always felt that the only reasonable position for a scientist to take is that of an open-minded agnostic. However, faith appears to be a fundamental characteristic of human psychology (I offer this as opinion, not as Truth), whether it is faith in God, or faith in an absence of God. Therefore, I will say to you atheists what I say to the religious: Believe what you want. But don't try to drag science into it.

Short note about the author

Terry Connors is a Gen-X family guy with 2 step-kids and a loving wife. He frequently blogs about current events, especially if there is a scientific angle to the news items.



Read more: http://www.eioba.com/a54772/scientific_atheism#ixzz0tHQuElFf

Comentários

André Luiz disse…
Olá Osame, parabéns pelo blog, estou gostando muito do que li até agora, coisas interessantes! Me impressionei com o comentário que o Sidarta fez aqui, teu blog ta bombando mesmo, hehe

Muito legal esse post, gostaria de assinar teu manifesto. Quanto ao texto que te inspirou, não achei boa a argumentação do Terry. Ele não deve ter conhecidos muitos ateus para se referir a ateus como "pessoas que tem certeza de que deus não existe" ou de que a vida não tem próposito.

A argumentação lógica que ele constrói sobre "é possível que coisas que não temos evidências sobre e que são cientificamente desnecessárias tenham existido", está ok, sem problemas.

Mas ele partiu de um conceito de ateu exagerado, o que eu considero muito menos comum por parte de muitos cientistas.

Não acreditar em deus não significa ter certeza absoluta da sua inexistência, significa não dar crédito a uma afirmação que não temos evidência para dar crédito,como um cientista deveria fazer com qualquer afirmação feita sobre o universo de forma isenta.

O ateísmo não é um sistema de crença como outros, é exatamente o contrário, é a "não-crença", a ausência dela. Não conheço nenhum ateísta, que se possa levar a sério, que tentou provar que "deus não existe com certeza absoluta", ou chegar a essa conclusão lógica a partir das duas premissas que ele apontou.

O problema de Terry é colocar isso como discurso dos ateus, quando no máximo isso é o que alguns extremistas podem dizer (por sinal ele fala vários vezes dos ateus, mas a quem será que ele realmente se refere? Ele não cita qualquer nome..).

No debate sério que é feito sobre isso por caras como Daniel Dennet, Richard Dawkins, Sam Harris, Michael Shermer e Christopher Hitchens, esse tipo de argumento não aparece. Eles fazem uso da ciência e da história para argumentar sobre os males advindos de crenças religiosas, da falta de ceticismo nas pessoas sobre essas crenças e da grande improbabilidade nas idéias pregadas por muitas religiões. Não, o ateu não precisa (nem deve) ter fé, na verdade isso é o que é combatido na maior parte das vezes: pensamento irracional, não baseado em evidências.

Porém se alguém diz ter certeza de que deus não existe, vai precisar de fé mesmo, pois ainda não foi pensando em uma forma convincente e irrefutável de provar que deus não existe com certeza.

um abraço,
André
Osame Kinouchi disse…
OI Andre,

Citei o post nao por concordar com ele, mas justamente porque ele me inspirou a definir melhor o Ateismo Cientifico.

Eu uso a palavra Crença no sentido técnico usado na Inferenca Bayesiana (veja na Wikipedia), ou seja, afirmações probabilisticas. O contrário de ter uma crença (justificada por evidencas, ou bem fundamentada teoricamente que seja) nao é ter opiniao cientifica (as opinioes cientificas tambem sao crenças para os Bayesianos) ,mas sim ter certeza absoluta ou certeza matemática. Nesse sentido, o ateu, como todo ser humano, tem crenças, tanto a priori como a posteriori. A critica que se deve fazer às crençs religiosas é sua falta de coerencia logica ou de evidencias empiricas, nao o fato de serem crenças em si.

Nao devemos tambem confundir crença com fé, que tem um sentido religioso especifico. Embora "ter fé em algo" é um coloquialismo, o termo técnico (teologico) se refere mais à "confiança", no mesmo sentido de ter confiança em algo ou alguem ou o "dou fé" em documentos de cartorio.

Por exemplo, um cientista tem fé de que fazer ciencia vale a pena, o ateu pode ter fé em que a religiao desaparecerá um dia (embora as evidencias empiricas disso sejam poucas, concorda?) eu tenho fé (ou não) em minha namorada, ou em termos bíblicos, "Abraao, pela fé, saiu de sua casa em busca de uma terra prometida" ou Serra e Dilma tem fé de que será eleito presidente. Acho que Marina não tem essa fé..., mas tem fé de que sua candidatura vale a pena.

Ou seja, ter fé (em um projeto, em alguem, em uma ideologia religiosa ou secular, ter fé em um modo de vida etc) é uma coisa, crer em afirmações com baixa evidencia empirica é outra, as duas coisas podem ter um overlap mas nao se superpõe...

PS: Para participar da lsta de assinaturas seria necessario seu nome completo, tudo bem?
Julia Rocca disse…
Osame Kinouchi,
Assino embaixo dos pontos citados por você: racionalismo, academicismo, metodologia científica, falseabilidade etc; mas não vejo como eles se vinculam diretamente com o ateísmo.
Vamos imaginar um cientista religioso que sabe que sua crença não tem fundamento empírico nem racional. Ele pode perfeitamente ser racional, acadêmico, usar metodologia científica etc.
E é um fato que a metodologia científica não pode provar a não existência de deus, nem contra a fé. Cada pessoa é livre para acreditar no que bem entender...
Dessa forma, daria para fazer um "catolicismo científico" ou um "budismo científico" que subscrevesse aos pontos que você citou...

De resto, apoio completamente a iniciativa de considerar as religiões perniciosas apenas a posteriori. Mas o catolicismo científico poderia ter a regra de considerar o ateísmo como prejudicial a posteriori também e seria maravilhoso.

Resumindo: assino embaixo das vantagens do pensamento científico, mas não enxergo a relação direta com o ateísmo.
André Luiz disse…
Osame, eu percebi que você não concordou com o Terry, mas não me contive de fazer um comentário mais direto ao texto dele =)

Acho que passei um pouco batido quanto a terminologia que vc usou no texto, me desculpe. Pensei mais no uso do senso comum.

Levando esses conceitos em conta, pode-se afirmar que ateus, cientistas e religiosos tem crenças e fé em coisas, diferenciado-se quanto ao rigor e critério que usam para escolher suas crenças. E falar que ateísmo é um sistema de crenças com esse significado da palavra faz sentido, mas no sentido mais relacionado ao senso comum de "crença cega" ou crêr por crêr não é apropriado, e foi assim que eu entendi quando li.

O conceito que eu usei de fé é a crença sem necessidade de evidências, nesse sentido as conclusões são diferentes. E sim, as evidências empíricas de que as religiões vão sumir um dia são poucas, infelizmente!

Sem problemas, bote meu nome ai:
André Luiz Alves Rabelo
Mojud disse…
Sempre que leio posts como esse, como os do Mori ou outros afins, eu nunca entendo pq existe essa necessidade de se provar que o outro está errado.

Mesmo quando o post tenta ser construtivo, cedo ou tarde nos comentários as discussões descambam para o combate Religão vs. Ciência; Ateísmo vs. Deus etc.

Não seria mais proveitosa uma junção de esforços para produzir algo, ao invés de combater o que existe?

A meu ver, combater "afirmações com baixa evidencia empirica" não é nada diferente de combater pela "autonomia nacional" ou pela "terra santa".

No fim cada um quer sempre defender o que acredita, independente do que seja, quais sejam as armas, quais sejam os argumentos e até mesmo, qual seja o conceito do que seja "acreditar".
Morentel disse…
Acho esta uma iniciativa natural e louvável da parte dos ateus. Ela demonstra ao mesmo tempo coragem e honestidade ao se declararem publicamente a favor deste manifesto e concordarem com uma possível falseabilidade do mesmo diante de alguma possível prova apresentada pelos teístas.

Na minha opinião, a maior falha deste manifesto é ele se apresentar como uma ideologia. Particularmente não tenho nada contra o ateísmo filosófico nem contra o ateísmo metodológico, porém, para mim o ateísmo ideológico ainda é muito imaturo e está longe de lançar asas e voar acima das religiões institucionalizadas.

Mesmo que os cientistas sejam ateístas metodológicos, seria necessário a apresentação de um estudo rigoroso a respeito do ateismo filosófico para a posterior aceitação comum da ideologia do "ateismo cientifico".

Acredito que o teorema de bayes que corrobora muitas afirmações contra as religiões é falseável quando mexe com supostos fenômenos metafísicos. Creio que o ateismo vai ganhar muitos adeptos (ou perder muitos adeptos) através das experiencias que estão sendo conduzidas no LHC, principalmente nas que dizer respeito a busca pelo limite da localização exata de todas particulas dimensionais.

OBS. Sou agnóstico e transumanista.
Osame Kinouchi disse…
Julia,

O objetivo do manifesto é justamente distinguir o ateismo cientifico do ideologico. Um ateu ideologico pode ser (ou nao) cientifico (exemplo, Nietszche), um ateu cientifico pode ser ou nao ideologico. Sao duas coisas distintas.

E voce tem razao, exites uma corrente chamada Teologia Cientifica, baseada na epistemologia de Popper. Poderiamos tambem ter um esquerdista científico, ou um direitista cientifico. Eles tambem seriam distintos dos esquerdistas e direitistas puramente ideologicos...

Ou seja, o manifesto na distingue ateismo de nao ateismo, mas sim, ateismo cientifico de ateismo não-cientifico (filosofico, metodologico ou ideologico).
Osame Kinouchi disse…
Andrá, acho que a solução da terminologia é simples: usar crença cega em vez de apenas crença (afinal, todo mundo tem crenças, especialmente os físicos - como diriam os matemáticos!).

Quanto à palavra fé, talvez seja bom falar em fé em afirmativas em vez de apenas fé, dado os diferentes significados da palavra (confiança, aposta em um projeto etc, fé em pessoas, fé em uma filosofia ou modo de vida, fé na democracia etc).
disse…
Eu assino aonde,que não consegui achar????kkkkkk Mas tem um detalhe não pode colocar o menu primeiro nome na lista ,só o segundo,fica assim:E. Helena Neviani,pode ser?
disse…
Osame,o sobrenome é Neviani,vc colocou "beviani".:)
enjolras disse…
Olá Osame,

olha, talvez eu esteja confundindo alguma coisa, mas pelo li, me parece que Ateísmo Científico e Ateísmo metodológico saõ a mesma coisa. Vc apenas deu mais ênfase ao cientifico. Bom, eu nunca ouvi falar dessas divisoes de ateismo antes (filosofico, metodologico, ideologico), mas se eles realmente existem, será que vc nao estaria apenas colocando mais legumes nessa salada? Será que nao seria melhor colocar o At. Cient. dentro do metodologico?
Osame Kinouchi disse…
Enjolras,

Nao tenho certeza de ser redundante. Qualquer cientista
religioso adota o Ateismo Metodologico, o que acho que nao seria o caso do ateismo cientifico (ou ateismo academico).

Note que a enfase do adjetivo cientifico nao se refere apenas ao uso de evidencias científicas contra afirmativas religiosas, mas tambem se refere à adocao da ética intelectual da ciencia, seus padroes de qualidade em relacao à argumentacao.


O objetivo é distinguir o ateismo ideologico tipo Nietzsche, mais panfletario e propagandistico, e mesmo um ateismo que adota teorias conspiratorias, de um ateismo que é mais coerente com os padrões e o comportamento academico.
Kentaro Mori disse…
Caro Osame,

Eu me enquadraria no ateísmo metodológico, e teria reservas quanto ao ideológico.

Parte dessas reservas também se aplicariam ao ateísmo científico. O ateísmo metodológico é acima de tudo pragmático, já o ideológico e o científico seriam ambos ideológicos, pelo que entendi.

Também vejo um problema em misturar ateísmo com ciência. É possível, mesmo desejável, aplicar a metodologia científica a questões teístas, daí que seria natural haver um "ateísmo científico".

Mas na prática penso que a discussão mais sofisticada é filosófica, e aí o ateísmo científico entraria em uma "ciência" das mais delicadas. Que muitos diriam não ser bem uma ciência.

Ainda, na prática, a maior parte da discussão sobre deus e religião seria sim a aplicação mais metodologicamente objetiva de ciências sociais ou mesmo da biologia, cosmologia, física. Mas mesmo essa abordagem seria melhor feita, em minha opinião, pelo ateísmo metodológico.

Porque do contrário, o ateísmo científico partiria da crítica a análise da religião (como é o ideológico). Já o metodológico deriva essencialmente da ciência abordando o mundo sem a hipótese de deus.

São maus dois centavos. O Ateísmo Científico me parece uma ideia intrigante e eu me inclinaria a esse movimento mais do que ao Ateísmo Ideológico, mas permaneço identificado plenamente apenas com o Ateísmo Metodológico.

Por fim, o que deveria ter escrito no início: não dedico muita reflexão a este tema. Não que dedique muita a outros assuntos, mas me considero centrado no ativismo cético, de promoção do pensamento crítico relacionado a alegações "paranormais", do insólito, deliberadamente deixando de lado boa parte das alegações religiosas.

Cordial abraço,

Kentaro
Osame Kinouchi disse…
Kentaro,

Depois da defeccao do Takata, agora vc? risos O Francis Collins também é um ateu metodologico, alem de evangelico...

Eu concordo com vc, mas o objetivo era tentar redefinir o "scientific atheism" que aparece quando fazemos Google do termo.

Eu quis definir o ateismo cientifico como algo que segue os padroes academicos de discussao, argumentacao e gentileza (mas isso tambem é observado pelo ateismo filosofico).

Acho que a unica diferenca seria:
1. Um uso maior de dados estatisticos e sociologicos bem fundamentados na critica a religiao (em vez de generalizacoes sem fundamento);
2. O principio popperiano de falseabilidade, ou seja, o ateu cientifico define em que condicoes mudaria de opiniao.

O segundo item nao é trivial. Mesmo que um suposto YAVHE baixasse em uma nuvem luminosa permanente sobre o congresso, seria possivel que o mesmo fosse um ET disfarcado, e nao o criador.

Em termos mais amplos, que evidencias cosmologicas seriam necessarias para se admitir um criador? Ou será que sempre seria possivel explicar qualquer evidencia por uma teoria alternativa. Se isto for o caso, o ateismo seria nao falseavel, e portanto nao cientifico em termos Popperianos.

Este ponto eu deixei aberto, admitindo que o ateismo cientifico é falseavel em principio, e assim difere do ateismo puramente filosofico.
Osame Kinouchi disse…
Kentaro, em todo caso, para assinar o manifesto, basta se aceitar que é uma definicao razoavel de ateismo cientifico, em contraposicao à definicao corrente, ver aqui:

The Critical Relevance of Scientific Atheism in the Modern World
Author:
David Nicholls
"Scientific Atheism is the acceptance that there is no credible scientific or factually reliable evidence for the existence of a god, gods, or the supernatural."

http://www.atheistfoundation.org.au/articles/critical-relevance-scientific-atheism-modern-world

ou seja, vc nao precisa ser um ateu cientifico para assinar o manifesto. Um ateu filosofico e um metodologico tambem podem...

Vc assina?
Osame Kinouchi disse…
Ainda daquele site:

Scientific Atheism unequivocally affirms that we are alone in a cosmos devoid of supernatural realms. The existence of such mental notions are invalidated by the total absence of evidence. Consequently, humanity has to deal with the psychological implications of that knowledge effectively if we are to survive.

Acho que isso é ateismo filosofico, nao cientifico.

Um cientista ateu afirmaria que, com probabilidade Bayesiana alta ou altissima, é possivel que estejamos sós no universo (fora outras civilizacoes ETs). "unequivocally" é muito forte...
André Luiz disse…
Concordo com tua proposta, fica mais claro ao que se esta referindo do que apenas usar as palavras sozinhas. E entendo que para assinar teu manifesto não é necessário ser um ateu científico convicto, como alguém pode ter entendido. Apoiar a redefinição que vc fez independe disso.
um abraço,
André
Kentaro Mori disse…
hehe, Osame, eu sou ateu! E apóio e apoiaria o ateísmo científico.

Mas não posso assinar o manifesto como está... já cheguei a subscrever-me a movimentos ateus ideológicos, mas acabei logo depois me retirando deles.

Por ora, preiro concentrar-me no ativismo cético, tomando distância deliberada do ataque direto ao teísmo e religião.

Mas, repito, e sem contradição, apoiaria sim, da forma que puder, um novo movimento ou grupo ateu por aqui. Você sabe meu e-mail!

Cordial abraço,

Kentaro
Osame Kinouchi disse…
Ainda nao entendi por que o Kentaro acha que o ateismo cientifico definido pelos seis pontos deste manifesto seria ideologico... Mas desisto de angariar a assinatura dele e do Takata, que aparentemente apostasiou... rs
Anônimo disse…
Desculpe a minha sinceridade. Pura filigrana intelectual, pura retórica ateísta embrulhada em papel celofane colorido.

Vejo esse movimento da mesma maneira que vejo as afirmações agnósticas, tipo: acredito em Deus, não acredito nas religiões, por isso sou agnóstico.

Ou aquela clássica desculpa: não acredito em Deus, mas não quer dizer que não exista.

Daí que tantos acreditam explicar a postura agnóstica-ateísta por três ou quatro diversificações pseudo-filosóficas ou científico-filosóficas.

A ciência somente precisa provar o que descobre. Aquilo que não consegue descobrir, nem provar, é porque está fora de seus domínios ou cogitações, paciência.

A ciência existe independente dos homens. A ciência é a própria natureza, sendo mais do que evidente que os homens ateus querem fazer da ciência o que ela não é.

E se Deus existe, sempre terá existido, como a própria ciência que o homem não inventou. Assim, nesse caso, que importa se Deus esteja ou não presente em tudo, contrariando o orgulho cético e ateu? Os homens que façam os seus papéis e busquem na ciência as respostas do que pesquisam, o julgamento não é da ciência, pois a ciência não julga, isso cabe ao livre arbítrio do homem.

Que mais importa?

Abraços.
Ruy Barbosa
Anônimo disse…
Em palavras simples, ateu é pura e simplesmente oquê todo ser humano foi impedido de ser , pois nacemos descontaminados e livres até o momento em que o vírus da ilusão dele se apossa, um vírus psicológico transmitido espontãneamente dos pais aos filhos tão logo seja possível a interesse dos propagadores da ilusão!, em termos de comparação evidencial, compara-se ao vírus de computador, é um círculo vicioso constante passado através das gerações ,técnica, indução psicológica, alienação , lavagem cerebral com efeitos danosos ao psicológico., Seja lá que nome queiram dar, foram utilizadas para se exercer domínio e poder sobre a ignorãncia por séculos e sem contestação!
são formas de reforço a contaminação que provocam a aceitação do subconciente vindo posteriormente aflorar e dominar o psicológico humano!
É um transtorno psicológico que muitas vezes é incurável,se não me engano chama-se misantropia psicológica!
Importa dizer quê!os danos causados a intenção de uma democracia de fato são imensos., servem-se desta ignorãncia os que apóiam a manutençao deste mal divulgando aos desavisados que viver na ilusão e ter fé nela basta pois esta vida real de nada vale, o que vale é a ilusão de paraisos , infernos e deus-es que pregam existir além dela!
A credito que Ateu nenhum se deva prestar a discutir com a ignorãncia! se é ignorante é doente e se é doente ministre-se a cura se possível ou esqueça, póde ser um caso perdido !
crença em deus é doença!, que provas mais necessitamos!
É assim que penso deva pensar um ateu convicto que de fato siga os ditames da razão e da ciência!

Lucabi Brasil
Anônimo disse…
O nome deveria ser mais bem pensado, já que "ateísmo científico" também pode ser aplicado à filosofia aplicada na União Soviética, ateísmo marxista-leninista.
https://en.m.wikipedia.org/wiki/Marxist%E2%80%93Leninist_atheism

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