P. Z. Myers publicou dois posts interessantes sobre os Libertarians. Pelo que entendi, os Libertarians americanos são uma espécie de fanáticos pelo livre mercado com tendências conspiratórias. Ver
aqui e
aqui. Conclusão: Libertarians são verdadeiros xaropetas (ainda bem que eles não existem no Brasil!).
Também fiz uma experiência em um post de Pharyngula, bancando o advogado do diabo e tentando convencer os comentaristas de que ateus sérios não deveriam acreditar na Teoria do Cristo Mítico. Foi uma experiência bem estranha, vocês sabem que quando eu foco em algum assunto eu viro um verdadeiro troll. Bom, isso é uma maneira de me vingar dos trolls que aparecem por aqui.
Minha conclusão é a seguinte:
1. Existe uma forte polarização na discussao do ateísmo nos EUA, acho que bem maior que no Brasil. Essa polarização cria um clima de resentimento e paranóia (por exemplo, muitos ateus disseram que usavam pseudonimos porque tinham medo de perder o emprego ou serem localizados pela internet, e sofrerem ameaças, perseguição ou atentados contra suas famílias. Achei essas justificativas meio exageradas, mas em todo caso elas refletem a percepção dos ateus.
2. Fica confirmada a baixa proporção de mulheres atéias nessas listas de comentários. Farei uma estatística mais tarde para determinar a proporção nessa amostra.
3. A imensa maioria dos comentaristas subscreve uma ou outra forma da tese de que nunca houve um Jesus histórico. Essa crença, contrária ao consenso acadêmico, parece estar bastante disseminada na comunidade de ateus da internet.
4. Alguns poucos acreditam que a existência ou não de Jesus é irrelevante. Mas pelo tom extremamente raivoso das respostas, o tópico me pareceu ter muita relevância pessoal e emocional para eles. Me pareceu uma espécie de pensamento desejante, fruto de dissonância cognitiva: não basta afirmar que Jesus era um homem comum, um rabi ou curandeiro judeu. É importante para boa parte dos comentaristas do Pharingula afirmar que a tese da não historicidade de Jesus é academicamente respeitável e que é uma idéia defensável, mesmo que a totalidade dos acadêmicos afirme o contrário.
5. Ninguém se dispôs a alterar as páginas da wikipédia que afirmam que a teoria do Cristo Mítico é negacionista, conspiratória, ou pelo menos uma fringe theory. Alguns afirmaram que os editores da Wikipedia são cripto-religiosos com agendas ocultas.
6. Fui insultado de várias maneiras, embora eu nunca fiz nenhum tipo de insulto (fui apenas chato e insistente na minha posição de que a teoria do Cristo Mítico é uma fringe theory). Minha impressão é que eles pensaram que eu era um religioso disfarçado (de novo, os sentimentos paranóicos...).
7. Ninguém foi capaz de sugerir um estudo acadêmico que defende a tese do Cristo Mítico. a melhor coisa que sugeriram foi um artigo em uma revista extinta da internet em 2003, patrocinada por um grupo ativista ateu, ou seja, uma espécie de fanzine não indexado no ISI Thomson.
8. Também ninguém conseguiu responder ao meu exemplo pitagórico. A conclusão foi que a existência histórica de Jesus é irrelevante, enquanto que não existe nenhum problema em citar o Pitágoras mítico nas escolas, dado que é apenas uma anedota pedagógica. Mas, se a existência histórica de Jesus é irrelevante, por que a insistência em negar a existência do consenso acadêmico historiográfico ou a insistência em afirmar que Jesus provavelmente (ou possivelmente) não existiu? Não seria melhor tomar uma posição agnóstica sobre o tema, em vez de tomar uma posição que está a um fio de cabelo das teorias conspiratórias do Cristo Mítico?
Finalizo com a posição de P. Z. Myers e a exegese da fala do mesmo por Kentaro Mori:
Jesus is a myth. No serious historian should be endorsing the historicity of Christ -- there are no primary sources supporting tales of his existence, the story is internally inconsistent and clearly a pastiche from multiple sources, and come on, at best you can argue that once upon a time, there was a charlatan doing cheap magic tricks.
Disse Kentaro no 100Nexos:
Ele é um cético respeitável, mas se destaca mais como ativista ateu, e no caso aqui, penso que seu antagonismo com a religião determina a forma como ele se expressa e sua opinião a respeito. Note, contudo, como ele mescla deliberadamente, penso eu, "Jesus" com "Cristo". De fato nenhum historiador sério endossaria que o "Cristo", o "Jesus da religião" existiu. Ao mesmo tempo, quando Myers finaliza afirmando que "at best" existiu um charlatão com truques baratos, está exagerando. Todos -- inclusive o Takata -- reconhecem ser provável ter existido um Jesus histórico. Se era ou não charlatão, se sua existência é mais improvável do que provável, é o Myers ateu tendo precedência sobre o Myers cético.
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