Gene define preferência sexual de fêmeas de camundongo


DA NEW SCIENTIST


Cientistas descobriram um gene que aparentemente dita as preferências sexuais de fêmeas de camundongo. Se o gene for deletado, o fêmea resultante rejeita as investidas dos machos e, em vez disso, busca se relacionar com outras fêmeas

Embora seja impossível dizer se a descoberta possui relevância para a sexualidade humana, ela fornece uma pista de como a sexualidade se desenvolve em mamíferos.

Chankyu Park e companhia no Instituto de Ciência e Tecnologia Avançados da Coreia, em Daejon, Coreia do Sul, retiraram o gene FucM de embriões de camundongos para averiguar seus efeitos no comportamento.

Fêmeas sem o gene evitaram as tentativas de acasalamento dos macho, pararam de cheirar a urina de machos e tentaram se acasalar com outras fêmeas. A habilidade reprodutiva, no entanto, não foi afetada.

O gene deletado codifica uma enzima chamada fucose mutarotase, que adiciona o açúcar fucose a proteínas. Park acredita que a desativação do gene expõe a uma dose extra de estrogênio partes do cérebro em desenvolvimento ligados a preferência sexual na vida adulta. O hormônio acaba masculinizando o cérebro de camundongos -embora o mesmo não ocorra em humanos.

Em um feto normal de camundongo fêmea, esse estrogênio adicional seria removido por uma substância chamada alfa-fetoproteína (AFP). Mas a AFP só funciona direito quando adornada com fucose. Sem o gene que produz a enzima, a AFP não recebe fucose e, assim, não pode conter o excesso de estrogênio. Consequentemente, o cérebro da fêmea se desenvolve como se fosse o de um macho.

De fato, a equipe encontrou concentrações menores que as normais de AFP adornados com fucose em embriões de fêmeas sem o gene.

Os resultados são consistentes com os dados de Julie Bakker, da Universidade de Liège, na Bélgica, que descobriu em 2006 que fêmeas tornaram-se masculinizadas quando o gene para AFP havia sido deletado.

Park e seu grupo esperam usar estudos de triagem de genes para descobrir se fucose mutarotase possui algumas associação com orientação sexual em humanos.

Simon LeVay, que pesquisa as origens da sexualidade, disse que o estudo coreano não é diretamente relevante para a sexualidade humana. Segundo LeVay, é a testosterona, não o estrogênio, que masculiniza o cérebro humano. Além disse, diz ele, AFP não previne que estrogênio penetre no cérebro, como faz em camundongos.

"Apesar disso, é provavelmente apenas uma questão de tempo até que biólogos moleculares identifiquem genes que influenciam a orientação sexual em humanos."

O estudo foi publicado no periódico "BMC Genetics".

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