Casos de gripe suína decrescem artificialmente

Continuando aqui a heróica e mesopotâmica campanha "Morte ao tucanês na gripe suína", em prol do bom uso das estatísticas na mídia (sim, eu vou usar o noticiário sobre a gripe suína como exemplo de abuso da Estatística em minha disciplina no semestre que vêm).

Vamos hoje analisar a nota diária do portal G1, com notas críticas:

O Ministério da Saúde anunciou nesta segunda-feira (6) 20 novos casos de influenza A no Brasil. Os novos casos são nos estados do Rio Grande do Sul (7), Paraná (6), Goiás (3), São Paulo (3) e Rio Grande do Norte (1). [Deixaram de informar que pelo novo protocolo do Ministério, estão sendo realizados exames apenas nos casos graves].

Veja casos da nova gripe no país


Com a confirmação destes novos casos, subiu para 905 o total de pessoas que já foram contaminadas pelo vírus da nova gripe (A1N1), com uma morte registrada. Os números são atualizados pelas secretarias de saúde dos estados até as 13h. [Deixaram de informar, como vinha sendo feito antes, o número de casos suspeitos, que é muito maior- mais de mil].


Segundo o ministério, a maior parte dos infectados já deixou os hospitais onde foram atendidos ou estão em fase de recuperação. [O ministério nunca informa o que significa "a maior parte": 95%, 99% ou o que? Nunca é informado a quantidade de casos que necessitaram de hospitalização devido à pneumonia e outras complicações].

Mudanças

O Ministério da Saúde vai mudar a forma de notificação dos casos confirmados da doença. Durante esta semana, haverá mais dois boletins sobre os números de pessoas contaminadas –na quarta-feira e na sexta-feira. A partir da semana que vem, os boletins passarão a ser semanais – divulgados às quartas-feiras. [A justificativa para essa mudança é fraca. Aparentemente boletins diários causam desgaste ao Ministério. Com uma semana de delay, os número ficarão defasados e a percepção de que a transmissão sustentada começou será abafada].


Fica sempre a dúvida: se a gripe é tão comum e menos letal que a gripe sazonal (que matou 70.000 brasileiros no ano passado, segundo o Ministro Temporão na CBN ontem), porque querer maquiar as estatísticas?


Comentários

Osame, primeiro é importante lembrar que o vírus A(H1N1) tem se comportado de forma muito parecida a uma gripe comum, tanto nos sintomas quanto na taxa de letalidade - que varia entre 0,4% e 0,5%). A grande diferença é que por se tratar de um vírus novo as pessoas ainda não têm imunidade, por isso surgem tantos casos diariamente. No entanto o Ministério da Saúde está seguindo todas as orientações da OMS e continua tomando todas as medidas necessárias para ter maior controle sob a doença.
O número total de casos confirmados são o resultado acumulado desde os primeiros registros de infecção no país, no dia 8 de maio. É por isso que a grande maioria já está curada ou se recuperando satisfatoriamente. Para mais informações: Fernanda.rocha@saude.gov.br

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