REM ou NÃO REM, eis a questão...
Quem sabe durante as férias eu consigo revisar e submeter o artigo Kinouchi O and Kinouchi R R (2002). "Dreams, endocannabinoids and itinerant dynamics in neural networks: re elaborating Crick-Mitchison unlearning hypothesis. Em especial, preciso corrigir DB1 para CB1 nesse paper do ArXiv.
Enquanto isso, vou adicionando aqui referências para a nova versão. É engraçado como novos resultados podem ser explicados de maneira diferente por diferentes teorias. Os resultados do artigo abaixo não se encaixam naturalmente na teoria de REM como consolidação de memórias. Uma teoria alternativa é "sonhamos para resolver problemas", mas isso também não dá conta porque o conteúdo dos sonhos não está diretamente relacionado neste experimento com o problema a ser solucionado.
Na teoria de Crick-Mitchison reelaborada, o processo de unlearning enfraquece memórias e processos de pensamento obsessivos, ou seja, os atratores fortes e as associações demasiadamente trilhadas, permitindo assim que o fluxo do pensamento ande por caminhos ainda não visitados e novas associações sejam formadas. Essa flexibilização do pensamento poderia dar conta dos resultados observados. Mas o aumento de criatividade não seria a função primordial dos sonhos (gatos e bebes sonham muito mas não são especialmente criativos). Seria mais uma exadaptação da função primordial (enfraquecimento de atratores obsessivos), que traria vantagens adicionais no caso de humanos e outros animais criativos.
Dado que o conteúdo dos sonhos estaria relacionado com os atratores obsessivos (basicamente, desejos e medos), visando seu enfraquecimento, a ação benéfica de facilitação de associações fluídas é um efeito colateral, indireto. Isso explicaria porque o conteúdo dos sonhos não tem relação direta com os problemas ou testes a serem resolvidos.
Pesquisa americana estudou efeito do sono com sonhos.
Teste de associação ficou mais fácil após repouso.
Precisa solucionar um problema? Tente tirar um cochilo. Mas precisa ser o tipo certo de cochilo – um que tenha o sono com movimento rápido dos olhos (REM, da sigla em Inglês), o tipo que inclui sonhos. Pesquisadores chefiados por Sara C. Mednick, professora-assistente de psiquiatria da Universidade da Califórnia em San Diego, ministraram, em 77 voluntários, testes de associação de palavras sob três condições antes-e-depois: passar um dia sem um cochilo, cochilar sem o sono REM e cochilar com REM. Simplesmente passar o dia afastado do problema melhorou o desempenho; as pessoas que ficaram acordadas se saíram um pouco melhor na sessão das 17h do que às 9h. Tirar um cochilo sem o sono REM também levou a resultados levemente melhores.
Porém, um cochilo com sono REM resultou numa melhora de quase 40% em relação ao desempenho anterior ao cochilo. O estudo, publicado em 8 de junho na revista científica "Proceedings of the National Academy of Sciences", descobriu que aqueles com sono REM tiraram cochilos mais longos que os outros – mas não havia qualquer correlação entre o tempo total de sono e a melhora no desempenho. Apenas o sono REM havia ajudado. “Sonhos são fantásticos”, disse a Dra. Mednick. “Eles incorporam ideias estranhas, coisas que você nunca imaginaria se estivesse acordado. No sono REM, fica mais provável que as ideias possam se unir numa solução."
Abstract
The hypothesized role of rapid eye movement (REM) sleep, which is rich in dreams, in the formation of new associations, has remained anecdotal. We examined the role of REM on creative problem solving, with the Remote Associates Test (RAT). Using a nap paradigm, we manipulated various conditions of prior exposure to elements of a creative problem. Compared with quiet rest and non-REM sleep, REM enhanced the formation of associative networks and the integration of unassociated information. Furthermore, these REM sleep benefits were not the result of an improved memory for the primed items. This study shows that compared with quiet rest and non-REM sleep, REM enhances the integration of unassociated information for creative problem solving, a process, we hypothesize, that is facilitated by cholinergic and noradrenergic neuromodulation during REM sleep.
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