Pode um porta-voz do Ministério da Saúde ser realista?


Eu espero que minha cobertura completa (mesopotâmica e heróica, como diria José Simão) sobre a gripe suína seja bem entendida. É claro que não sou ingênuo a ponto de pensar que as estranhas diretrizes do Ministério da Saúde sobre a gripe sejam fruto de incompetência. O Ministério da Saúde é competente e seus porta-vozes e equipe de comunicação são mais ainda.

Ou seja, o Ministério possui objetivos claros, não necessariamente nesta ordem:

1. Minimizar danos à saúde da população.
2. Minimizar danos econômicos.
3. Minimizar desgaste político.

Estes três objetivos são parcialmente antagônicos (existe um problema de "frustração na função custo", no jargão da física estatística). Otimizar essa função custo implica em uma solução de compromisso.

Então me parece que a estratégia adotada é a seguinte: "O que não tem remédio, remediado está". Ou seja, o nível de transparência das informações deve corresponder ao mínimo necessário para perseguir os três objetivos.

Informações em demasia poderiam produzir ansiedade na mídia, com danos econômicos e políticos, sem que isso contribuisse de forma positiva para o atendimento médico (este sim precisa estar bem informado, e não a população em geral).

Acho que isso explica por que o Ministério da Saúde mudou de idéia e renunciou à recomendação de manter boletins diários de informação, item que constava de seu plano preparação para pandemia de influenza de 2006. Este plano deveria ser lido por todo jornalista que está cobrindo a atual epidemia...


7.4. Fase Pandemica

Objetivos

A. Garantir informação diárias, atualizada, à sociedade sobre o desenrolar da crise.
B. Orientar população sobre a doença e evitar procura desnecessária ao atendimento médico.
C. Evitar repercussões maiores em regiões do Brasil não afetadas pelo agravo.

Ações
1. Pautar a mídia nacional para que intensifique as informações sobre os sinais e sintomas da doença para evitar superlotação em unidades de saúde.
2. Comunicado diário à imprensa pelo porta-voz.
3. Produzir e distribuir informativos educativos para grupos específicos, como empresas, escolas, comunidades de brasileiros no exterior, profissionais de saúde e viajantes.
4. Gerar informações que tranqüilizem os moradores de regiões não afetadas pela doença com o objetivo de se evitar migrações e evitar a migração para estas áreas.

En la ciudad procuran transmitir optimismo

Daniel Gallo
LA NACION

Transmitir tranquilidad es el objetivo central del gobierno porteño. Por eso, Mauricio Macri se puso ayer al frente de la difusión de los últimos dos partes sanitarios sobre el paso de la epidemia de la gripe A por la Capital. Definió que fue superado el pico de los contagios y pidió que la gente vuelva a sus trabajos con normalidad.

"El pico pasó hace unos días. Invitamos a retomar la actividad normal, a cuidar nuestros empleos", dijo Macri.

Las autoridades porteñas se apoyan en la disminución de las consultas en los hospitales. Pero los especialistas que conocen bien lo que sucede epidemiológicamente en la ciudad son menos optimistas que el jefe del gobierno.

En conversaciones reservadas, los principales expertos sobre esta gripe indican que la baja en los casos se dio, fundamentalmente, entre los menores. Consideran que la suspensión de las clases es el motivo para esta meseta de contagios en los últimos días. Pero no quieren que la población baje la guardia.

Todavía hay más de 1500 internados en la ciudad y unos 200 en condición crítica.


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