Morte ao Tucanês na gripe suína


Sim, continuarei aqui minha heróica e mesopotâmica campanha "Morte ao Tucanês na gripe suína", embora tenha descoberto hoje que o ministro Temporão é do PMDB.


Leandro Tessler, do Cultura Científica, me informa que José Gomes Temporão, nosso ministro da Saúde, é pesquisador titular do Instituto Oswaldo Cruz. Se você quiser conhecer o currículo Lattes do Ministro, clique aqui.


Uma breve análise revela que o Ministro tem um currículo científico razoável para uma pessoa mais dedicada à atividade pública. Assim, não acredito que as recentes e controversas medidas do Ministério da Saúde (como fornecer Tamiflu apenas para casos graves, ou seja, depois de passadas as 48 horas em que o remédio é eficaz, ver aqui) sejam fruto de incompetência. O problema é muito mais grave: aparentemente os estoques brasileiros de Tamiflu estão se esgotando rapidamente.

O que eu não entendo é que na Argentina, onde a incompetência política é muito mais grave (a ponto da presidenta contradizer a afirmativa de seu próprio ministro da saúde de que o país atingiu 100.000 casos de gripe), o Ministério da Saúde foi bem mais previdente: anunciou-se hoje que centenas de milhares de tratamentos Tamiflu estão sendo enviados para todas as províncias:
Manzur dijo ayer que en lo que va del año se calcula que los infectados por influenza en el país son 320.000 y de éstos unos 100.000 serían por el nuevo virus. "Estamos infiriendo en base a datos epidemiológicos que nosotros tenemos, ya que no hay 100 mil casos confirmados por laboratorio porque eso es imposible de confirmar", dijo el ministro y reiteró que la tasa de mortalidad debe calcularse sobre los casos reales.
"En el día de ayer empezamos a distribuir la droga (antiviral) en forma masiva en todas las provincias argentinas, ayer 300 mil dosis, entre el martes y miércoles estaremos en condiciones de (distribuir) 500 mil dosis más", expresó hoy Manzur en declaraciones a radio Mitre.

Em comparação, o Brasil possui um estoque de menos de 12.000 tratamentos. Assim, fica claro que o objetivo do tucaníssimo "uso racional" do Tamiflu, leia-se "racionamento do Tamiflu", tem uma origem bem mais clara e prática do que a prevenção de mutações do vírus.

Seria muito importante que o Ministério reconhecesse essa falta de estoque, pois apenas assim ele conseguiria mais apoio e agilidade para liberação de verbas para compra do remédio. Mas parece que rumamos para o caos Argentino sem ajuda da medicação.

Do ponto de vista científico, isto será interessante e informativo: será possivel averiguar a verdadeira taxa de mortalidade da doença na ausência de tratamento e leitos. Afinal, a taxa de mortalidade verificada nos países ricos não deveria servir de baliza para os países pobres...

Da Wikipédia:

José Gomes Temporão (Merufe, Monção, 20 de outubro de 1951) é um médico sanitarista e político luso-brasileiro filiado ao Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB). É o atual ministro da Saúde, empossado em março de 2007 durante o segundo mandato do governo Lula.

José Gomes Temporão nasceu na freguesia de Merufe, na vila de Monção, no norte de Portugal, no dia 20 de outubro de 1951. Seus pais, Sara Gomes e José Temporão, emigraram para o Brasil quando ele tinha apenas um ano de idade, e fixaram-se no Rio de Janeiro [1]. Temporão se formou na Faculdade de Medicina da Universidade
Federal do Rio de Janeiro
em 1977. Especializou-se em Doenças Tropicais na mesma Universidade. Fez mestrado em Saúde Pública na Escola Nacional de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz e doutorado em Medicina Social no Instituto de Medicina Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Seu pai é dono do Mosteiro, um dos mais conceituados restaurantes do centro do Rio de Janeiro [1].

Após ter declarado que a Fundação Nacional de Saúde (Funasa) é corrupta, Temporão entrou em conflito com a bancada do PMDB no Congresso, que ameaça retirar-lhe o apoio, pondo em risco sua permanência na Esplanada. O presidente da Funasa, Danilo Forte, é afilhado do deputado Henrique Eduardo Alves (RN), o líder do PMDB na Câmara [8]. O presidente Lula negou que irá destituir Temporão ou qualquer outro ministro do cargo [9].

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