Sobre cooperação e competição
A noção de se usar ecossistemas como uma metáfora para sistemas econômicos pode parecer bizarra. Afinal, a companhia ideal tem sido há muito pensada como uma máquina suavemente funcionando e sendo conduzida à objetivos específicos sob a direção de um onisciente, onipotente funcionário executivo chefe (CEO). A metáfora de companhias como espécies - alimentando-se do dinheiro dos consumidores e interagindo como em um ecossistema - traz algumas mudanças importantes. Primeiro, CEOs terão que se acostumar a pensar suas companhias não como máquinas mas mais como organismos vivendo em comunidades, o que muda a natureza de suas visões econômicas. Segundo, CEOs terão que perceber que têm muito menos controle sobre o destino de suas companhias do que gostariam de acreditar.
Esta mudançaa no modo que líderes de negócios vêm seu mundo leva a um paralelo notável com mudanças recentes no pensamento dos ecologistas. Basicamente, é um afastamento da visão que encara o mundo como simples, previsível e rumando para o equilíbrio; é um reconhecimento que o mundo é complexo, imprevisível e está longe do equilíbrio. É também uma superação da visão de que a competição cabeça-a-cabeça é a forçaa fundamental que dá forma às comunidades ecológicas e de negócios. A maioria dos negócios têm sucesso se outros também são bem sucedidos. Competição é parte do quadro, é claro, mas longe de ser a única parte. Cooperação e construção de redes mutuamente benéficas são importantes também. Bradenburger e Nalebuff descrevem esta estratégia conjunta com o termo co-opetição, o qual é também o título de seu livro [Lewin, Complexidade, 1997].
Antes de Darwin, o que era enfatizado por seus seguidores atuais era precisamente o funcionamento cooperativo harmonioso da natureza orgânica, como o reino vegetal fornece aos animais alimento e oxigˆenio, e animais suprem plantas com adubo, amônia e ácido carbônico. Mas logo depois que as teorias de Darwin foram geralmente aceitas, essa mesma gente mudou de rumo e começou a ver em todo lugar nada mais que competição. Ambas as visões são justificadas dentro de certos limites, porém ambas são igualmente unilaterais e estreitas.
A interacão de corpos na natureza não-vivente inclui ambos harmonia e choques; em seres vivos, tanto cooperação consciente e inconsciente como consciente e inconsciente competição. Por conseguinte, no que respeita à Natureza, não é aceitável arvorar apenas a bandeira unilateral da luta. É também inteiramente pueril pretender resumir toda a múltipla riqueza da evolução histórica e complexidade na magra e unilateral frase ‘luta pela existência’ (Engels, Dialética da Natureza).
A precursor of the sciences of complexity in the XIX century
(Submitted on 14 Oct 2001)
The sciences of complexity present some recurrent themes: the emergence of qualitatively new behaviors in dissipative systems out of equilibrium, the aparent tendency of complex system to lie at the border of phase transitions and bifurcation points, a historical dynamics which present punctuated equilibrium, a tentative of complementing Darwinian evolution with certain ideas of progress (understood as increase of computational power) etc. Such themes, indeed, belong to a long scientific and philosophical tradiction and, curiously, appear already in the work of Frederick Engels at the 70's of the XIX century. So, the apparent novelity of the sciences of complexity seems to be not situated in its fundamental ideas, but in the use of mathematical and computational models for illustrate, test and develop such ideas. Since politicians as the candidate Al Gore recently declared that the sciences of complexity have influenced strongly their worldview, perhaps it could be interesting to know better the ideas and the ideology related to the notion of complex adaptive systems.
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