Defendendo Ruth de Aquino: ela defende a qualidade frente ao mercado
OK, parando de pegar pesado com Ruth de Aquino (afinal, ela tem zilhões de leitores, os blogueiros não tem nenhum). Não consegui encontrar no Google se ela é formada em jornalismo, embora tenha feito um mestrado em midia. Mas é uma defensora da qualidade no jornalismo contra a tabloidização. Deve estar levando uma vida dura na Revista Época, se não renunciou a seus ideais...
Do Observatório da Imprensa:
No livro O desvio nosso de cada dia – A representação do cotidiano num jornal popular (Dois Pontos Editora), Antonio Serra identificou o jornal, que estudou nos anos 1970 para sua dissertação de mestrado, como de linha editorial que privilegiava matérias de polícia e dava ênfase ao grotesco e ao escatológico. O próprio Eucimar, no início dos anos 1990, suavizou esta linha. Mas foi a diretora Ruth de Aquino, anos depois, que mudou de vez esse perfil. Sofisticou a diagramação, coloriu o jornal e enfatizou matérias de política e economia, além das de serviços, esportes e cultura, para distanciar o diário da imagem sensacionalista.
O domínio do Extra
Não deu certo. O jornal perdeu público e anunciantes. A entrada do Extra no mercado carioca, em 1997, com Eucimar à frente, selou a queda. A mudança no Dia foi tão malsucedida que, ao apontar o responsável pelo sucesso do Extra no Rio, alguns analistas atribuem o mesmo peso a Ruth e a Eucimar.
Segundo este especialista, a grande desvantagem do Dia em relação ao Extra é realmente a TV Globo. Para se promover na TV, o Extra não paga (eles juram que os anúncios do Globo e do Extra na TV Globo são pagos, mas na prática é uma operação contábil). E o Dia, se quiser sair na Globo, terá que pagar muito. Foi assim quando Ruth de Aquino convenceu Ari Carvalho (o então dono do jornal, morto em 2003) de que dava para peitar o Globo. Ari colocava anúncio no horário nobre da Globo, gastava um dinheirão. Aumentava a venda do Dia, claro, mas não compensava. E isso sem falar nas táticas comerciais de atração de anunciantes para os veículos impressos.
Eucimar usou uma metáfora para descrever o processo de desgaste que o jornal enfrenta: O Dia era o Seis e Meia, uma série de shows às 18h30 que ficou famosa nos anos 1980, no Teatro João Caetano, centro do Rio, com MPB, samba, chorinho – música de qualidade. E lotava. "Um dia o público chegou e encontrou a Filarmônica de Berlim tocando Rachmaninoff. Levantou e foi embora. Como no Dia: o leitor não se viu mais no jornal dele. O que quero é recuperar esse leitor, que comprava um milhão de exemplares. O Dia não tem que ser nada, tem que ser ele mesmo."
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