Carlos Hotta (ScienceBlogs Brasil) responde a Ruth de Aquino

Sei que o Carlos detesta cut and paste, mas vou colocar o post dele aqui porque acho que duplica o impacto no Google Search (e muitos dos meus leitores talvez não sejam os do Carlos, e vice-versa).

Carlos é um gentleman, não comprou minha idéia de blog war (escrutinar a qualidade e a não obviedade das matérias da Ruth de Aquino), mas quem quiser fazer isso, a idéia está lançada...

Em todos esses posts que tenho colocado, muitos leitores tem feito comentários interessantíssimos. Portando, não deixe de ler no site original, aqui.

Cara Ruth de Aquino,

Posted on: março 23, 2009 8:07 PM, by Carlos Hotta

a sua coluna de 20 de março de 2009 intitulada "O besteirol na ciência é melhor que no Senado - ler sobre pesquisas científicas de universidades respeitadas é uma receita certa para dar risada" foi construída sobre idéias extremamente equivocadas sobre a Ciência. Não vou defender as pesquisas que você citou mas, por exemplo, é extremamente irônico você criticar uma delas por usar apenas 21 indivíduos para tirar conclusões quando você cita 4 ou 5 estudos, escolhidos a dedo e distorcidos ao seu bel prazer, para classificar pesquisas científicas de "besteirol".

Obviamente, para comprovar a sua tese, a senhora teve que ignorar as dezenas de novidades científicas que surgem diariamente: só a última semana tivemos um artigo importantíssimo do brasileiro Nicolelis sobre o mal de Alzheimer, condição que afeta mais de 25 milhões de pessoas no mundo e que, por causa do envelhecimento de nossas populações, será um problema seríssimo no futuro.

Você ainda discorda de conclusões científicas porque sua experiência mostra o contrário ou desqualifica outras por acharem óbvias demais. O papel da Ciência é exatamente desafiar o nosso senso comum, que um péssimo parâmetro para se descobrir como funciona o nosso universo. Por essa razão, é necessário realmente testar o senso comum para ver se ele corresponde a realidade. Algumas vezes, como no caso do estudo das crianças e brincadeiras, as resposta é positiva, outras vezes como no caso das mulheres e os homosexuais, não. Acho que não preciso dizer que outros estudos e novos experimentos podem perfeitamente mudar ambas conclusões.

Sinceramente, não consigo entender a origem deste sentimento anti-científico. Seria culpa de nosso sistema educacional, que não valorizou a Ciência ou seria culpa de coberturas jornalísticas equivocadas que apenas escolhem pesquisas aparentemente esdrúxulas para figurar entre suas manchetes?

Por exemplo, o prêmio IgNóbel não é um prêmio dado para esculhambar pesquisas científicas. Ele existe para criticar pesquisas pseudo-científicas e para celebrar conclusões curiosas obtidas a partir de experimentos científicos. A Ciência serve como lentes que nos permitem entender melhor o nosso universo, seja para saber como o Sol queima ou para saber se pulgas de cachorro pulam mais alto do que a de gatos. No entanto, a mídia sempre acaba vendendo a imagem da esculhambação.

Pessoalmente, creio que sua visão equivocada da Ciência como besteirol é apenas o resultado do péssimo trabalho das editorias de Ciências nas salas de imprensa no país (com notáveis exceções). Tais editorias apenas replicam press releases e interpretam seu conteúdo de forma equivocada. Certamente este é um desserviço ao conhecimento científico que acaba gerando distorções de opinião como a sua matéria e alguns comentários na página.

Ruth de Aquino, se você quer saber mais de pesquisas científicas e seus resultados, passe longe dos jornais: leia blogs de Ciência!

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