Dilma, a Verde, em Copenhagen



Folha de S. Paulo
Dilma, a verde
Eliane Cantanhêde

BRASÍLIA - Katerine Mendes, de São Paulo, não estava sozinha ao abrir o Painel do Leitor de ontem com sua perplexidade diante da escolha de Dilma Rousseff para chefiar a delegação brasileira à Conferência do Clima em Copenhague.

Órgãos e entidades ambientalistas estão igualmente perplexos.

Dilma tem muitas qualidades, mas se há uma que ela definitivamente não tem é essa: não entende nada da questão climática. Aliás, não entende e até despreza.

Ela sempre se opôs a uma agenda ambiental, passou o PAC por cima da Amazônia, impôs a Marina Silva as suas maiores e mais doídas derrotas enquanto ministra do Meio Ambiente. Não é exagero dizer que Marina enfrentou muitos e poderosos adversários no governo, mas que saiu, tanto do cargo como do PT, depois de bater de frente várias vezes com Dilma.

O sucessor de Marina, Carlos Minc, também não tem vida fácil. E está polarizando com os pragmáticos, Dilma à frente, nas discussões sobre Copenhague, para onde o governo, por ora, voa dividido. Minc defende uma meta de 40% na redução nos gases-estufa até 2020 em relação à trajetória de emissões do Brasil. Já Dilma quer mudar o cálculo da própria trajetória, reduzindo o esforço de corte. Além de deixar a agropecuária de fora.

Se não é do ramo, se não gosta do tema, se vai sempre na contramão dos experts em nome do progresso, por que então Dilma será a chefona da delegação brasileira? A resposta é simples. Basta olhar, por analogia, a escolha de Toffoli para o Supremo: ele tinha inúmeras desvantagens e nenhum atributo formal para o cargo, mas... Lula quis.

Os holofotes de todo o mundo estarão em Copenhague, e Lula está menos interessado na chatice de carbono no ambiente e mais em aproveitar para lançar sua candidata no ambiente internacional. Dilma, porém, tem de ajustar o discurso e a maquiagem. Até porque Marina também vai estar lá.

Comentários

none disse…
Já leu?
As últimas de Caetano Veloso, em entrevista exclusiva
"Que nada tem, no entanto, das desilusões de quem perdeu a esperança - e isso transparece, com força, quando anuncia sua opção pela candidatura de Marina Silva. 'Não posso deixar de votar nela. É por demais forte, simbolicamente, para eu não me abalar. Marina é Lula e é Obama ao mesmo tempo. Ela é meio preta, é cabocla, é inteligente como o Obama, não é analfabeta como o Lula, que não sabe falar, é cafona falando, grosseiro. Ela fala bem.'"
http://www.estadao.com.br/noticias/arteelazer,,461281,0.htm
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Preconceito do seu Caê. Lula não é analfabeto.

[]s,

Roberto Takata

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