O índice de Hirsch individual poderia coibir práticas abusivas de autoria?

Em virtude do recente caso de aparente plágio em um paper envolvendo importantes pesquisadores da USP (inclusive sua reitora) as práticas abusivas de co-autoria em artigos científicos estão sendo discutidas em uma série de blogs, ver uma lista aqui no blog Ciência na Midia.
Quando Alexandre Souto Martinez propôs o uso de índice de Hirsch individual, o h_I, definido como sendo o índice de Hirsch do pesquisador dividido pelo número médio de co-autores no h-core (conjunto de seus h papers), uma das vantagens que foi enfatizada no paper era que o h_I poderia ser usado para desestimular a prática de co-autoria abusiva.
Ou seja, existem vários motivos para se ampliar a lista de co-autores de um paper:
1. Formar uma equipe (alguns dizem "quadrilha") de colaboradores, de modo a que a sinergia do grupo produza mais papers do que individualmente;
2. Facilitar a publicação de um paper usando sua chancela como figurão da ciência;
3. Incluir (e justificar as bolsas de) estudantes de Iniciação Científica e Mestrado, etc.
4. Aumentar sua rede social de amigos colaboradores etc.
Etc...
Não existe, porém, nenhum fator que induza a uma diminuição da lista de co-autores.
Pelo que entendo, o h_I é o único índice bibliométrico que penaliza o tamanho da lista de co-autores. Infelizmente, não é muito fácil de calcular (a menos que a WoS e similares fizessem um script para calcula-los automaticamente). O site Harzing´s Publish or Perish calcula o nosso h_I (e outros 12 índices) para você, usando o Google Scholar.
Uma das críticas ao h_I é que um único paper de big science (por ter um número enorme de autores) pode detonar com o seu h_I. Isso pode ser remediado usando-se a mediana em vez da média do número de autores. De novo, seria bom ter um programinha para fazer isso de forma automática, de modo a ter no Lattes, por exemplo, não apenas o seu h mas também o seu h_I e outros índices.
Um gráfico de dispersão de h_i versus N (número de papers) poderia mostrar clusters de pesquisadores que, potencialemente, estão usando práticas de co-autoria abusiva. Seria interessante usar o h_I, portanto, como um detetor de comportamento ético na academia...

Fruto de uma parceria entre a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e a Divisão Científica da Thomson Reuters, o Prêmio Thomson Reuters de Produtividade e Impacto Científico se destina ao pesquisador, vinculado a uma instituição brasileira, que seja o autor do trabalho mais relevante nos últimos cinco anos nas categorias Ciência Pura, Ciências Sociais, Artes e Humanidades e Melhor Trabalho de Bibliometria e Cienciometria, categoria que premiou o artigo de Pablo Batista e seus colaboradores.

Os vencedores do Prêmio Reuters, que também prestigia o bibliotecário que se destacar na divulgação do Portal de Periódicos e da base Web of Science, foram escolhidos a partir de uma análise bibliométrica dos artigos mais citados na base Thomson Reuters High Impact Papers.

Pablo Batista recebeu o prêmio, no valor de US$ 3.000,00, em solenidade realizada no dia 17 de setembro, no auditório do Edifício-Sede da CAPES, em Brasília.
PS: Preciso inventar o p_I, ou seja, valor de um prêmio dividido (exatamente) pelo número de co-autores...

Comentários

Anônimo disse…
Oi, Osame,
sem querer ser chata, vou deixar o link pra listinha do Ciência na Mídia que vc falou: http://ciencianamidia.wordpress.com/2009/11/09/picaretagem-cientifica-ii-o-retorno/
E você viu isso aqui? => "Ranking scientists" http://physics.aps.org/synopsis-for/10.1103/PhysRevE.80.056103

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