Por que a Parapsicologia não progrediu em 60 anos?



Ontem, em um sebo, eu achei um livro de Rhine, não me lembro o nome agora. Pensei até em comprar para dar de presente ao Sidarta ou ao Nicolelis, como uma piada interna. Mas estava sem grana naquele momento, talvez eu compre na semana que vem.
Eu tenho um outro livro do Rhine, um livro fininho e raríssimo (acho), chamado Fenômenos Psi e Psiquiatria. Quem estiver disposto a pagar R$ 100 reais, eu posso considerar em vender (frete grátis, OK?).
Uma reportagem da Universidade de Duke que talvez tenha inspirado o tema para Rafael Garcia da Folha está aqui. Obviamente, ele não se baseou na mesma para escrever seu artigo. Marquei em todo caso, em vermelho, as informações que possuem certo overlap...
01/11/2009 - 20h09

Laboratório dos EUA pesquisou fenômenos paranormais por 60 anos

RAFAEL GARCIA

da Folha de S.Paulo

Em uma de suas frases de efeito mais conhecidas, Albert Einstein teria dito, segundo sua secretária: "Eu jamais acreditaria em fantasmas, mesmo que eu visse um". Vinda de um físico, essa atitude pode parecer brusca, já que a física sempre se inspirou em observações de fenômenos aparentemente estranhos. [Compreende-se a afirmação de Einstein quando lembramos que a ciência moderna não é empírica, mas teórico-empírica: o puro empirismo tipo "Observei ou fotografei um fantasma" não leva a lugar nenhum enquanto não houver uma teoria de como um fantasma pode ser mais material que um feixe de neutrinos, e interagir de forma eletromagnética com a emulsão de prata de um filme ou uma camera CCD...] Em se tratando mesmo de eventos fantasmagóricos, porém, a ciência parece não ter chegado a um consenso sobre como tratá-los, seja para prová-los, seja para simplesmente descartá-los.

Em parte, a crença em coisas como telepatia e psicocinese ainda existe porque poucos acham hoje que vale a pena gastar tempo (e queimar a reputação) tentando estudá-las. Pelo menos um homem sério, porém, já teve a coragem (ou a imprudência) de embarcar na empreitada de tentar levar a parapsicologia para um laboratório. Sua história é contada no recém-lançado "Unbelievable" ("Inacreditável"), da jornalista americana Stacy Horn.

O aventureiro em questão foi o botânico Joseph Banks Rhine, que decidiu mudar de área e conseguiu apoio para montar um laboratório de parapsicologia na prestigiosa Universidade Duke, na Carolina do Norte (EUA), em 1935. Eram outros tempos.

Na época, a comunidade científica não era tão avessa a questões espirituais, e Rhine tinha certa reputação, ainda. Interessado num problema que era considerado aberto, antes de ter seu laboratório o cientista ganhou reputação ao desmascarar falsos médiuns.

Intrigado com relatos em que não parecia haver fraude, porém, Rhine decidiu usar o laboratório para verificar se, em experimentos controlados, coisas como telepatia e clarividência de fato apareciam.

E apareceram. Mas, como esperado, a interpretação dos resultados não é bem algo que se possa chamar de consenso.

Por décadas, Rhine e seus colegas foram à caça de médiuns para testá-los em um engenhoso experimento bolado em seu laboratório na Duke: adivinhação de cartas. Ao longo dos anos, cientistas testaram laboriosamente a habilidade de voluntários repetidas vezes até formar, com cada um deles, um corpo de dados que tivesse alguma significância estatística.

Outro teste era feito com dados. Pessoas com suposta habilidade de telecinese eram avaliadas enquanto tentavam influenciar os resultados obtidos movendo os cubos de resina com a força da mente.

Clarividência

O acervo do laboratório registra mais de 10 mil sessões de testes, a maioria deles decepcionantes. Alguns poucos voluntários, porém, conseguiam adivinhar cartas com taxa de acerto maior do que se esperaria por puro acaso.

E lá estava a prova de que a clarividência existiria: planilhas mostrando que alguns poucos voluntários tinham obtido sucesso que não é explicável apenas pela sorte.

Qualquer pessoa com um mínimo de ceticismo, claro, torce o nariz. Quem garante que o próprio Rhine não estava trapaceando? Horn dedica boa parte do livro a mostrar como o cientista conseguiu proteger razoavelmente bem os seus dados de críticas de manipulação.

Sem uma teoria minimamente plausível para explicar seus experimentos, porém, o laboratório da Duke também não conseguiu convencer grupos sérios de outras universidades a tentarem reproduzir os experimentos. E, mesmo que o bombardeio dos céticos nunca tenha cessado, o laboratório acabou sendo mais vítima da descrença de amigos.

Planilhas cheias de números, claro, não são tão interessantes quanto relatos anedóticos de "poltergeists" e histórias de fantasmas. O laboratório até chegou a investir um pouco em "pesquisa de campo", investigando casos supostamente reais que inspiraram os filmes "Poltergeist" e "O Exorcista", mas Rhine rejeitou levar ao periódico "Journal of Parapsychology" estudos que não tivessem um corpo de provas rígido.

Muitos dos filantropos que bancavam o laboratório, porém, estavam interessados mesmo era em contatar entes queridos no além. Não queriam saber de dados e baralhos. E financiadores mais benevolentes, como a Fundação Rockefeller, também acabaram se vendo com reputação ameaçada.

Na década de 1960, Rhine fez algumas tentativas de reavivar o laboratório, entre elas a de receber o psicólogo Timothy Leary para testar se o LSD poderia dar habilidades de clarividência a pessoas normais. Aparentemente, foi divertido, e só.

O dinheiro para pesquisa em parapsicologia foi aos poucos indo embora. A Duke nunca fechou oficialmente o laboratório, hoje batizado de Centro Rhine. A Associação Americana para o Avanço da Ciência, apesar de não dar mais crédito ao tema, nunca desfiliou a Associação de Parapsicologia de Rhine. O físico John Wheeler, na década de 1970, defendeu isso, mas não foi atendido.

O livro de Horn, porém, talvez seja condescendente demais com Rhine ao descrever o debate de parapsicólogos contra céticos como um "empate". Aí talvez valha uma velha regra: alegações extraordinárias exigem evidências extraordinárias. Acredite quem quiser que as planilhas de Rhine são a prova da clarividência.

Em se tratando de jornalismo, porém, um cético de mente mais fechada dificilmente levantaria a história fascinante que Horn esquadrinhou.

"Unbelievable" ("Inacreditável") de Stacy Horn; Ecco, 294 págs., US$ 24


Synchronicity at Duke

Remembering the days of parapsychology research in the Rhine lab

By Geoffrey Mock

Monday, March 23, 2009

When C.G. Jung wrote about human extra-sensory connections in Synchronicity, most of the first half of the book covered research conducted at Duke University. Author Shirley Jackson grounded her horror story The Haunting of Hill House in real-life fact by citing Duke research using ESP cards (see video below).

This wasn’t something that could have been predicted in Duke’s early days. It isn’t even something that gets talked a lot about at Duke anymore. However, it wasn’t long ago that in popular culture, Duke was well-known as a center of parapsychology research.

Now the story of J.B. and Louisa Rhine and parapsychology research at Duke has been told by author Stacy Horn in Unbelievable: Investigations Into Ghosts, Poltergeists, Telepathy and Other Unseen Phenomena from the Duke Parapsychology Laboratory.



Hollywood on the Rhine Lab

Stacy Horn says Shirley Jackson based several characters in her horror novel The Haunting of Hill House on researchers and students at the Rhine Lab. In the novel, and in this movie clip, one character is described as being a superstar in Duke ESP studies. In real life, Divinity School student Hubert Pearce was the "shining star."

Horn came to Duke’s Rare Book Room Thursday to discuss Rhine’s research and her new book. When she started exploring the Rhine papers in Duke’s Special Collections Library, Horn said she “expected to find ghosts and poltergeists.”

What she found, she said, was science and long discussions of statistics and experimental procedures. She also discovered lots of letters from people dealing with phenomena they couldn’t understand.

“I found letters from Albert Einstein,” Horn said. “I found letters from ordinary people. Whenever anything strange happened, Duke was where people wrote. The underlying message of every letter was, ‘help me.’

“My book came out of the letters that these people wrote.”

Rhine came to Duke in 1927 to work with his mentor William McDougall. He was already famous in the press for his application of the scientific method on the study of mediums and for his expose of a well-known Boston medium named Margery.

At Duke, he developed experimental methodology for parapsychology, concentrating in the areas of telepathy, psychokinesis, clairvoyance and precognition. Publication of a 1934 book on extra-sensory perception -- based on research using Duke students and local residents -- made him famous.

“He became a rock star,” Horn said. “By 1935, anyone interested in this field was talking about his lab.”

Over the next three decades, Rhine and lab colleagues corresponded with Einstein and Jung and celebrities such as Jackie Gleason. The Rockefeller Foundation, Alfred P. Sloan (of General Motors and Sloan-Kettering fame) and the military provided support, Horn said. The CIA bought ESP cards from him, Horn said.

They did research on students, residents, faculty members and all sorts of animals. The military funded research on honing pigeons to see if they had telepathic powers, Horn said.

They investigated police reports of poltergeist episodes in New Jersey. They were in contact with a priest whose exorcism of a young boy was later the basis of William Peter Blatty’s book The Exorcist.

“He got missing persons letters,” Horn said. “People wrote him asking for his help finding the Boston Strangler. In the letters with (the exorcist) priest, the priest described an incident in which the kid was sitting in a chair and words appeared on the skin [um fenomeno similar está sendo observado em um bebe muculmano, mas sendo interpretado como mensagens de Alah]. Then the chair slides back and falls against the wall. In many ways, this was like every other letter Rhine received -- ‘Something weird happened, can you please help me.’”

But what did it add up to? Horn said Rhine changed discussion about ghosts and poltergeists and mediums. When he started, Arthur Conan Doyle was publishing as fact photographs of fairies.

“When Rhine applied the scientific method, he ended the idea of mediums or fairies or parlor tricks,” Horn said.

However, his research for the most part remains unduplicated, an essential element of accepted science. Rhine himself believed spiritual powers to be uncontrollable, and he never developed a theory of how such powers worked.

To the end of his career, Rhine remained in a difficult place, Horn said. Scientists rejected his research, and the public kept hoping it would lead to powers Rhine would not promise, such as communication with the dead.

Horn, however, says she has an open mind about the research.

“I’m not a scientist, but I can’t dismiss the evidence. It points to the possibility that there seems to be another source of information out there in the world,” she said. “We don’t know how it’s transmitted, but experiments show that there are information processes out there that some people pick up on that we don’t understand.”

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