Marian Silva e o Efeito Obama
Marina ponto com
A campanha de Marina Silva estreou na internet em abril deste ano. A grande mídia ainda nem sequer especulava se a ex-ministra sairia ou não do PT de Lula rumo ao PV de Fernando Gabeira, e seus seguidores já pediam voto.
Abrigada no Movimento Marina Silva Presidente (www.marinasilvapresidente.ning.com), a campanha passou a distribuir eletronicamente cartazes, logomarca, fotos, arte para ser impressa em camisetas e tudo o mais para colocar o bloco na rua em grande estilo, incluindo o jingle MahatMarina, de R. Arthur. No início de agosto, antes mesmo de Marina anunciar oficialmente sua saída do PT, já havia um cartaz com o V do Partido Verde. O Movimento virou uma grande rede social, na qual os participantes também podem criar seus próprios materiais de campanha e disponibilizá-los.
“Ela pode fazer campanha pela internet, porque a lei que regulamenta o assunto ainda não foi votada pelo Congresso Nacional. Só o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) poderia tirá-la do ar e, assim mesmo, não creio nesta possibilidade, porque o presidente do Tribunal já declarou ser favorável a dar o tratamento de território livre para a internet”, opinou Walter Costa Porto, ex-ministro do TSE e um dos maiores especialistas em legislação eleitoral. O Movimento Marina Silva Presidente já conta com 8 mil membros efetivos e um sem-número de simpatizantes. Grupos (ou tribos) lá instalados são 131.
Pela segunda vez em menos de um ano, o PV surpreende fazendo bom uso da internet. A primeira foi na campanha de Fernando Gabeira a prefeito do Rio de Janeiro, de excelente qualidade técnica. E isso acontece justamente no momento em que os políticos se recusaram a dar um tratamento digno à rede, tentando amordaçá-la no remendo de lei relatado pelo deputado federal Flávio Dino (PCdoB-MA). A qualidade do trabalho dos apoiadores de Marina se traduz em dois aspectos: o primeiro, é a agilidade na distribuição do material de campanha; o segundo, é a fidelização dos apoiadores, que podem participar e dar ideias, exatamente como fez a campanha vitoriosa de Barack Obama.
Esses dois aspectos, aliados à simplicidade e à boa navegabilidade do site, podem fazer a diferença em favor de Marina na conquista de novos eleitores. Uma militância espontânea, coisa cada vez mais rara hoje em dia e ainda mais com característica de rede, é ouro puro. Essa iniciativa já está sendo desdobrada no Twitter, no Orkut, no Facebook e em outras redes sociais, mantendo o nome da candidata em evidência.
A internet é um meio barato e eficiente de fazer campanha. Não é coisa de candidato rico, nem de candidato pobre. É coisa de candidato criativo, para dizer o mínimo. Um bom site não custa caro, e as redes sociais têm plataforma pronta, à espera de um bom conteúdo. Sem requerer orçamentos astronômicos ou gastos exorbitantes, a internet é desprezada por uma maioria de políticos acostumados ao “voto é dinheiro” e “eleição é negócio”.
A era da campanha de papel, que durante tanto tempo fez a felicidade do setor gráfico, está chegando ao fim. O Twitter e o SMS substituirão o velho santinho de guerra, e o YouTube movido a câmeras de celular vai obrigar as produtoras a reverem seus conceitos. A interatividade está tornando as campanhas permanentes. Entender isso significa sobrevivência, manutenção do poder. Dentro de, no máximo, uma década, só haverá voto.com.
Autor: Marcelo S. Tognozzi
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