A Educadora e o EWCLiPo


Silvania do Blog A Educadora já está postando sobre o EWCLiPo. Ótimos posts, siga aqui.

Fazendo cut and paste de um deles:


Suzana Herculano-Houzel, autora do blog "A neurocientista de plantão" falou aos blogueiros sobre as suas experiências na blogosfera que começou em 2000. Ela apresentou um panorama histórico sobre os divulgadores de ciência e explicou que até o século XIX o cientista costumava divulgar seus saberes nos saraus e outros eventos sociais. No século XX, com a profissionalização da ciência, o cientista passou a falar com seus pares e deixou de dialogar com a sociedade. Em busca da legitimação da prática científica, passaram a ser diferentes no modo de vestir e falar e isso aumentava o distanciamento entre ciência e sociedade. No pós-guerra surge a figura do jornalista especializado em ciências. A tendência atual é a divulgação alternativa, usando inclusive os blogs como meio de difusão e a profissionalização da divulgação científica. Hoje não importa a formação do divulgador: há vagas para cientistas e para jornalistas que querem fazer divulgação científica.

Suzana apresentou algumas razões para divulgar ciência:
  • Ao fazer divulgação, o cientista presta contas à sociedade que financia suas pesquisas
  • A divulgação científica é financeiramente interessante para o cientista, na medida em que sua pesquisa é publicamente reconhecida.
  • A ajuda entre cientistas permite acompanhento recíproco da pesquisa.
  • Acompanhar o trabalho de outros cientistas promove o aprendizado.
  • Novas questões são pensadas durante o trabalho de divulgação.
  • Se ciência é notícia, ninguém melhor que o cientista para falar sobre o fazer ciência.
  • A prática da divulgação ajuda na redação de artigos científicos porque bons resumos científicos são, de certa forma, pequenos artigos de divulgação científica.
  • Várias vezes um cientista precisa escrever sobre o trabalho dos outros ao fazer revisões, relatórios, assim o trabalho de divulgação permite um constante exercício de escrita.
  • A divulgação científica treina o cientista para dar respostas claras.
  • Fazer divulgação científica pode ser divertido e permite fazer novos amigos.
  • Na divulgação o cientista o cientista pode se sentir a liberdade de expressão, tantas vezes reprimida.
  • O cientista que divulga seu trabalho mostra que é gente como todo mundo e tem a oportunidade de receber dicas do público, podendo trazer luzes à pesquisa.
  • Faz bem pensar em como o leitor vai ficar bem ao entender alguma coisa sobre um assunto que lhe parecia impenetrável.
  • A conquista de aliados na sociedade para seguir com a pesquisa. Um bom exemplo é quando o público se mobiliza para defender a pesquisa com animais após entender que se algumas pessoas continuam sobrevivendo é em função do uso de animais nas pesquisas.

Por que existem poucos livros de divulgação científica? Suzana aponta a falta de tradição e de espaço nas livrarias como razões para o problema, mas critica o fato de editores e cientistas insistirem que não há oferta porque não há demanda. Para ela, uma prova de que ciência vende, é a boa receptividade dos livros que ela lançou para divulgar neurociência e explicou que um romance que vende 2 mil exemplares é considerado bem sucedido: um único livro "Mantenha seu cérebro vivo já vendeu 100 mil exemplares. Parece haver uma demanda reprimida no mercado editorial. Em relação à divulgação científica na internet,O cérebro nosso de cada dia, é outro sucesso de público. Criado em 2000, esse site de Suzana recebeu em 2004 cerca de 400 visitas por dia. E isso sem nenhum tipo de divulgação. A maior parte do público visitante é de profissionais que não são da área biomédica. A motivação que se destaca é a curiosidade pela ciência. Por isso, Suzana acredita que os cientistas podem e devem suprir a lacuna editorial nas obras que discutem ciências, considera que os sites e os blogs são instrumentos viáveis e defende que os jornalistas podem ser bons aliados do cientista.

Suzana terminou dizendo que para facilitar a venda de seus livros, ela se apropria de uma linguagem comum em livros de auto-ajuda. Em "Fique de bem com seu cérebro", por exemplo, ela usa trechos simples para explicar a informação científica que o livro trata. Essa opção foi alvo de muitas críticas no meio científico. Mesmo assim, ela acredita que é importante comunicar com seus leitores e por isso insiste na sedução da simplicidade.

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