Don´t Panic! A economia não sente a gripe suína


Todos devemos reconhecer os esforços do Ministério da Saúde do Brasil na contenção e minimização de danos da gripe suína. Afinal, estão fazendo tudo o que é possivel com pouco dinheiro e parca infra-estrutura. Infelizmente, uma epidemia é como um terremoto (embora seja um terremoto anunciado), ou seja, as medidas necessárias (por exemplo, número de leitos necessários) não podem ser mantidas em períodos normais, devido aos custos.

O que este blog critica não é todo este esforço, mas o uso de falácias nas informações de relações públicas do MS, criando um clima de falsa segurança. O mais incrível é que os jornalistas da mídia convencional aparentemente não estão fazendo trabalho investigativo algum, mas apenas assumindo o mesmo tom oficialesco do Ministério. Pessoal, acordem, a gripe suína vai trazer consequências de saúde e econômicas (absenteísmo etc) muito maiores que o caso Sarney, que ocupa páginas dos jornais.

Devemos lembrar que, já que é dificil minimizar os danos à Saúde, o ministério pode pelo menos minimizar os danos à Economia: isso é feito criando-se esse clima de falsa segurança. A estratégia tem obtido muito sucesso, conforme noticia o G1:

Gripe A não reduz produção de carne suína, diz IBGE

Abate de suínos cresce 7,1% no primeiro trimestre.
Crise econômica faz abate de bovinos cair 11%.


Entretanto, sugiro uma pauta para os jornalistas investigativos:

1. Confirmar ou não a compra de 800.000 tratamentos Tamiflu pelo MS. Aparentemente essa compra não foi realizada (imagino que ela custaria R$ 80 milhões se o MS conseguisse um descontinho da Roche de R$ 160 para R$ 100 por caixa). Pelo que me lembro, esse tipo de verba não foi liberada ao Ministério.
2. Divulgar o plano de contenção do Ministério da Saúde de 2005, que estima que 20% da população pode contrair a gripe e que seriam necessários de 1 milhão a 200.000 leitos durante a epidemia. Imagino que o Brasil dispõe de 2.000 leitos se tanto.
3. Lembrar que a hiper-reação quanto à gripe suína é responsável por perdas econômicas, enquanto que a hipo-reação é responsável pelas mortes das pessoas.

Você que é adepto da estratégia de hipo-reação (Don´t Panic strategy) consegue assumir que poderá ser responsável pela morte de jovens e adolescentes sadios, os mais afetados pela gripe?

Parabéns ao Ministério da Saúde pelo sucesso na Economia, e torço para que o Ministro Temporão não tenha o mesmo destino de sua colega da Argentina. Afinal, a estratégia do Don´t Panic não funcionou muito bem no nosso país vizinho.


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