Marina Silva no segundo turno


Aposta na zebra

03 Out 2009 - 18h01min


Três de outubro. Ano: 2010. Tudo indica que Marina Silva (PV) irá para o 2º turno. Desde o início da campanha na TV, a ex-senadora conseguiu abrir surpreendente vantagem. A cassação de seu mandato, em função de ter trocado o PT pelo PV, só contribuiu para o tom da campanha que beira a pieguice. E rende votos.

Aécio Neves (PSDB) e Dilma Rousseff (PT), tecnicamente empatados, brigam pela segunda vaga. Mas não está descartado o duelo PT X PSDB no 2º turno. Afinal, depois do crescimento de Marina ao longo do mês de setembro, ela caiu consideravelmente na última semana, enquanto o tucano e a petista cresceram, içados pela maior capilaridade e estrutura.

A força peemedebista no Interior do País rende votos a Aécio. Em São Paulo, o governador José Serra (PSDB), praticamente reeleito, faz corpo mole, mas o vice na chapa presidencial, Michel Temer, ao lado de Orestes Quércia, trabalha para tentar garantir a vantagem tucana.

Entre as forças aliadas, o trunfo é o presidente licenciado Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que, na última sexta-feira, enquanto Dilma participava do debate na TV Globo, comandava o comício de encerramento da campanha, em São Bernardo do Campo.

No Nordeste, é o candidato a vice Ciro Gomes (PSB) quem conduz a ofensiva governista. Com o providencial apoio de José Sarney (PMDB-AP), presidente da República em exercício desde que Lula se licenciou para tentar eleger Dilma, José Alencar (PRB) se afastou para a campanha ao Senado e Temer, para concorrer a vice na chapa tucana. Como parte do acordo para sentar mais uma vez na cadeira de presidente, Sarney ignorou a orientação partidária e levou parte dos peemedebistas para o colo do Governo. Como sempre.

Francamente minoritário do Norte e Nordeste, Aécio se sustenta na vantagem avassaladora que as pesquisas lhe indicam em Minas Gerais, além da força demonstrada no Rio de Janeiro. No fim das contas, caberá ao Sul desequilibrar a disputa particular entre Dilma ou de Aécio. A ex-ministra-chefe da Casa Civilpassou os últimos dias em campanha no Rio Grande do Sul. Pelos números mais recentes, a vantagem que o tucano apresentava no início não existe mais.

Quatro de outubro. Ano: 2009. Esse exercício de futurologia/ projeção/ análise/ brincadeira/ coisa séria levou em conta os mais improváveis dos cenários plausíveis. A despeito de tudo isso, a política não só é a arte do possível, como tem se mostrado pródiga em transformar em possibilidade o que impossível parece. Minhas fichas, portanto, estão colocadas nos azarões.

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