Heloísa: Dilma, Serra e Marina Silva

O PSOL é aliado do DEMO-PSDB? Afinal, o PSOL participou da campanha do DEMO-PSDB "FORA SARNEY!", que visava dividir a base governista. Heloisa Helena tirou votos de Lula na última eleição e agora Heloísa apóia Marina Silva, que segundo Dédalus do Átlas e Luís Bento do Discutindo Ecologia, é cripto-aliada do PSDB...



Data: 25/10/2009
Em primeiro lugar, a senhora será candidata à presidência da República novamente ou Babá será o candidato do PSOL? Como estão as discussões?

HH: No momento, o mais importante para o PSOL é estruturar a organização da conferência eleitoral que dar-se-á no próximo ano e organizar a construção do programa que o partido irá apresentar nas eleições, tanto nos Estados como nacionalmente. Seria uma irresponsabilidade o partido se deter a uma escolha de nomes, antes de garantir a estruturação do programa que vai ser apresentado à sociedade, com as alternativas de política econômica, de geração de emprego e renda, de investimentos na infraestrutura e geração de empregos no campo e na cidade, dentre outras coisas. É evidente que eu fico feliz com a generosidade do povo brasileiro em me colocar tão bem na pesquisa para a candidatura presidencial, mesmo sem visibilidade pública. Seria uma honra disputar a eleição presidencial, como foi em 2006, e com grande sacrifício eleitoral. Hoje há uma pressão digna e honesta do povo de Alagoas, que está cansado de ter como representantes nacionais, políticos que não representam de fato a honestidade daquela gente, para que eu dispute o Senado ou o Governo do meu Estado, mas isso nós vamos discutir com serenidade. Nem meu nome é consenso para a presidência da República dentro do partido.

E qual a sua avaliação sobre uma possível candidatura de Marina da Silva (PV)?
HH: Se meu partido tiver candidatura própria, meu favorito é Milton Temer (PSOL). Se o partido aceitar a minha proposta, nós vamos avaliar a possibilidade de apoiar a candidatura de apoiar a minha grande companheira Marina Silva. Ela é uma militante extremamente comprometida socialmente. É uma pessoa por quem eu tenho não apenas o carinho e admiração como amiga, mas tenho o maior respeito como uma das mais brilhantes intelectuais e militantes da esquerda socialista. Nas duas últimas reuniões da Executiva Nacional eu fiz a proposta da gente formar uma comissão para conversar com ela formalmente. Eu sou amiga dela e conversamos muito.

E quanto à ministra Dilma Rousseff (PT)? Representando o continuísmo do governo Lula (PT), ela desponta como a melhor opção para a presidência?

H: ar que existe todo um componente do eleitoralismo vulgar na participação do presidente (Lula) ao lado de sua candidata (Dilma). Isso não é novidade no Brasil porque FHC também já fez isso. Esse é um comportamento desprezível, porque é uma forma de tratar a máquina pública como se fosse uma caixinha de objetos pessoais a ser manipulada por um grupo, por um bando, por uma quadrilha ou por um partido político. Isso é deseducativo politicamente, inaceitável juridicamente, mas infelizmente parte da sociedade vê isso comum e com naturalidade.
HH: Todas as pessoas têm direito de se candidatar. A Dilma, o (José) Serra (PSDB). Infelizmente a gente ainda não vive em uma democracia, porque não temos justiça social. Nossa democracia é falida, onde todas as engrenagens do poder econômico, político e midiático trabalham para a consolidação do status, da vadiagem e do banditismo político. A gente, que não defende ditadura de direita e nem de esquerda, continua acreditando no aprimoramento dessa democracia. Eu avalio todas as outras candidaturas que representam a continuidade da política econômica, dos governos FHC e Lula, da mesma forma: não representam o melhor para o Brasil.

Por falar na ministra, qual a sua avaliação sobre essa recente visita presidencial às obras da transposição do rio São Francisco? Há quem avalie como comício. A senhora concorda? Por quê?

HH: É preciso ser muito cínico e não identificar que existe todo um componente do eleitoralismo vulgar na participação do presidente (Lula) ao lado de sua candidata (Dilma). Isso não é novidade no Brasil porque FHC também já fez isso. Esse é um comportamento desprezível, porque é uma forma de tratar a máquina pública como se fosse uma caixinha de objetos pessoais a ser manipulada por um grupo, por um bando, por uma quadrilha ou por um partido político. Isso é deseducativo politicamente, inaceitável juridicamente, mas infelizmente parte da sociedade vê isso comum e com naturalidade.

Comentários

Dedalus disse…
Caro Osame,

Há um ditado que talvez explique muita coisa: "o inimigo do meu inimigo é meu aliado". O PSOL é anti-PT, o PV também, talvez não ideologicamente, mas por busca de espaço: eles, se e quando crescerem, irão ocupar necessariamente boa parte do espaço ocupado pelo PT (espaço esse também conhecido como "centro-esquerda"). Assim, do ponto de vista pragmático, faz sentido ficar próximo do PSDB (ser um "cripto-aliado") apenas para enfraquecer o PT... E há, é claro, os problemas pessoais: o pessoal do PSOL já foi parte do PT, e o mesmo aconteceu com o Gabeira e a
Marina; assim, eles são como ex-esposas rancorosas, que acham que o ex-marido só tem defeitos...

Um abraço!
Osame Kinouchi disse…
"o pessoal do PSOL já foi parte do PT, e o mesmo aconteceu com o Gabeira e a
Marina; assim, eles são como ex-esposas rancorosas, que acham que o ex-marido só tem defeitos..."

Dedalus, acho que esta observação está na borda de uma ofensa (eu também me desfiliei do PT, partido que era filiado desde 1982, e vou me filiar ao PV!), mas tudo bem, eu relevo...

Agora, chamr o PSOL de "centro-esquerda".... Não estou entendendo o seu expectro politico. Quem é a extrema esquerda?
André disse…
Pois é, acho que "ex-petista, logo rancoroso" é um passo muito forte. Nem todos saem pelos mesmos motivos: há quem não se identifique mais com o partido, quem saiu ressentido, quem foi expulso, quem caiu fora por oportunismo... Note-se que a Marina saiu inclusive sendo elogiada pelos próprios petistas.

Mudando de assunto... Osame, gostaria de saber a sua opinião sobre o PT ter suspendido os direitos partidários do Bassuma e do Henrique Afonso, o que culminou com a saída deles do partido.

Parece-me que o fato em si até foi coerente com o partido ter fechado a questão do aborto como bandeira essencial, mas o meu problema é justamente esse. Sou contra o aborto e a favor de políticas sociais -- e acho que muitos brasileiros se posicionam de modo parecido. É positivo que as pessoas tenham que optar por uma das duas coisas? Acredito que você seja "pro-choice", e até por isso gostaria de saber o que acha... Existe espaço para uma esquerda pró-vida no Brasil?
Dedalus disse…
Caro Osame,

Eu não disse que o PSOL é hoje de centro-esquerda; eu disse que PSOL e PV, "se e quando crescerem, irão ocupar necessariamente boa parte do espaço ocupado pelo PT" (verbos no futuro condicional), e é esse espaço que é a centro-esquerda.

Já quanto a quem ter saído do PT se comportar como ex-esposas rancorosas, creio que não há ofensa nenhuma nisso: as pessoas que faziam parte do PT, em geral haviam se filiado não somente por motivos racionais, mas também por razões emotivas (veja que estou usando verbos no passado); essas pessoas, em geral, saíram ou por se desiludirem com o PT ou por terem sido expulsas - em ambos os casos, é como se fosse o fim de um romance, e isso, a meu ver, gera alguma mágoa. Note que minha frase é uma analogia, e eu não estou dizendo que as pessoas que saíram do PT são todas rancorosas e malvadas; eu disse "são como ex-esposas rancorosas, que acham que o ex-marido só tem defeitos" (eu uso a palavra COMO: dá para ver que é uma analogia e não uma ofensa?) - se não vissem esses defeitos com tanta força o relacionamento teria continuado...

Um abraço!

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