Pérolas perdidas


Comentei com minha ex-orientada de doutorado Mônica que eu me achava muito narcisista, vide o SEMCIÊNCIA. Mas ela me deixou muito feliz ao comentar que "Não, é claro que não, você tem apenas um alter-ego narcisista que se manifesta no SEMCIÊNCIA". Sim, alter-egos são interessantes (vide Fernando Pessoa), eles te permitem viver várias vidas ao mesmo tempo...

En passant, alguns posts do SEMCIÊNCIA andam meio misóginos (ou será chauvinistas, preciso procurar no dicionário). Mas se você perceber o tom irônico, é uma pseudomisoginia bem humorada (você percebe quando as pessoas estão se tornando fanáticas quando ccomeçam a clamar por seriedade e perdem o bom humor). Afinal, eu quase fui militante feminista na década de 80, caso minhas amigas deixassem homem participar. No final, pude apenas dar apoio moral...

Bom, voltando, como o objetivo explícito do blog é ser um diário sobre a (minha) vida científica, não posso parar no meio do caminho, não é mesmo? Então aqui começa uma série de posts sobre minhas pérolas preferidas, ou seja, meus artigos publicados que nunca receberam nenhuma citação (nem de mim mesmo!) mas que eu considero ótimos artigos, com idéias originais que deveriam ser continuadas (os artigos que não foram citados por serem péssimos não comentarei :D).

Verifiquei que tais papers em geral não foram citados porque:

  1. O artigo é sobre um tema tão esquisito (ou se você quiser ser benevolente, "original") que ninguém até agora teve coragem que continuar a mesma linha de pesquisa;
  2. Mudei de área de trabalho logo após a publicação do paper, ou seja, saí daquela comunidade específica de pesquisadores (é preciso estar dentro do meio, participar das conferências etc., para ser citado);
  3. A área de pesquisa do paper estava saindo de moda: a pesquisa científica na minha área (ainda) é uma atividade artesanal como o garimpo. Quando alguem localiza um bom filão, o pessoal vem com tudo, depois chegam de trator, só sobra uma Serra Pelada no panorama das possibilidades teórico-computacionais. O que sobra ou são problemas muito complexos ou muito complicados (o que não é a mesma coisa) e as pessoas vão embora em busca de novas áreas de forrageamento mais recompensadoras.
No próximo post comentarei o primeiro artigo pérola perdida, o Dynamical phase diagrams of neural networks with asymmetric couplings publicado no Physical Review E. Agora preciso fazer comida para as crianças...

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