Cuidado com o Estradiol da sua mulher...


O título da manchete do Yahoo é "Se elas traem, a culpa é dos hormônios". Lembrei das arengas do Marcelo Leite contra o determinismo biológico no jornalismo científico (mas a seção de ciências do Yahoo pode ser considerada jornalismo científico?).
Eu acho que o jornalismo científico (rasteiro) tem uma grande dificuldade em falar em termos de probabilidade. Seria melhor dizer: "Se elas traem, a culpa é provavelmente dos hormônios". Tipo aquela frase sobre "Provavelmente Deus não existe" (exemplo de probabilidade subjetiva Bayesiana).
Mas a manchete ainda não ficaria certa: ela confunde dois níveis de análise, o moral e o biológico. Hormônios têm culpa? São "responsáveis" (no sentido legal) por alguma coisa? Então, talvez fosse melhor escrever: "Se elas traem, é provavel a influência dos hormônios".
O que é uma trivialidade: Se elas se apaixonam ou se elas não traem, também é influência de (outros) hormônios, por exemplo oxitocina. Mas não é culpa de ninguém...
Então, a manchete, para ser informativa, deveria ser: "Se elas traem, provavelmente é influência do estradiol, e se não traem, provavelmente é influência da oxitocina" (Somado ao acaso, claro, esse deus todo poderoso que afeta toda a nossa vida: a oportunidade faz o cheater). O que não é uma manchete, mas um abstract...

Qui, 15 Jan, 05h18


Por Redação Yahoo! Brasil

Uma pesquisa da Universidade do Texas, em Austin, nos Estados Unidos, comprovou que mulheres com uma concentração mais elevada de um hormônio ligado à auto-estima têm mais chances de ter casos extraconjugais e trocar de parceiros com freqüência. O estudo, publicado na revista 'Biology Letters', da Royal Society, relaciona o nível de auto-estima com a quantidade do hormônio estradiol. Mulheres com mais hormônio desse tipo tendem a se achar mais bonitas e a serem consideradas mais atraentes por outras pessoas.
Para os pesquisadores, tais mulheres acabam se sentindo menos satisfeitas com seus parceiros e menos comprometidas com eles, em um comportamento que os autores do estudo chamam de "monogamia oportunista em série". Segundo os cientistas, isso se deve a um "instinto" de buscar parceiros com mais qualidades.
Bons parceiros
"Na natureza, é difícil conseguir um parceiro que seja ao mesmo tempo um bom provedor de estabilidade para a família e que tenha bons genes para procriar" afirma a psicóloga Kristina Durante, principal autora da pesquisa. Por isso, muitas mulheres alternam um relacionamento mais duradouro com aventuras com homens mais atraentes. Para ela, mulheres mais bonitas buscam mais os dois tipos de recursos por parte do homem e acabam querendo um padrão de qualidade que às vezes é difícil de conseguir.
A psicóloga explica que é por isso que muitas mulheres não se sentem obrigadas a se comprometer com um determinado parceiro se aparecer outro com melhores "qualidades". O hormônio estradiol está ligado à fertilidade e à saúde reprodutiva da mulher. Estudos realizados no passado mostram que o estradiol alimenta o desejo de poder em mulheres solteiras. Segundo essas pesquisas, aquelas mulheres que não tomam pílulas anticoncepcionais estão ainda mais vulneráveis ao hormônio.
'Monogamia serial'
Segundo a pesquisa da Universidade do Texas, foram usados hormônios presentes na saliva de 52 universitárias com idades entre 17 e 30 anos, em dois estágios de seu ciclo menstrual.
As voluntárias também falaram sobre a história sexual delas e avaliaram a própria aparência. Em seguida, elas receberam notas, no mesmo quesito, de outros jovens estudantes de ambos os sexos. As voluntárias com maior nível de estradiol tinham mais histórias de paqueras e de casos com outros homens além de seu parceiro fixo.
Mas, elas também se mostraram mais envolvidas em relacionamentos duradouros do que em romances passageiros ou "ficadas". Essas mulheres parecem adotar uma estratégia de 'monogamia serial', em que buscam sempre um parceiro melhor para a reprodução, explica a psicóloga. "Não é o sexo casual que as interessa."

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