Lower bound e upper bound na gripe suína



O site do Ministério da Saúde sobre a gripe suína:


Imagino que as informações sejam confiáveis e conservadoras (pois deve haver muita gente aconselhando evitar o pânico). É um lower bound, digamos assim.

Deixa eu explicar porque ando meio alarmista. As razões são:

1. Eu sei o que significa "crescimento exponencial" antes da saturação, em uma epidemia.
2. Eu conheço os modelos tipo SIR (Susceptible-Infected-Recovered) e suas previsões.
3. Eu trabalho na área de meios excitáveis (a população humana suscetível ao vírus) e redes complexas (que descreve as redes de aeroportos e de contatos sociais).
4. Eu sei o que são avalanches e leis de potência em eventos extremais: dizer que os alarmes anteriores sobre pandemias foram falsos ou que os eventos foram insignificantes nada diz sobre o futuro - isso é uma falácia causal muito conhecida. Seria como dizer que o terremoto Big One nunca vai acontecer na Califórnia simplesmente porque não ocorreu no século XX...
5. Eu sei que o mercado financeiro precifica os riscos, e muitas vezes é um sistema preditor muito mais confiável que estatísticas convencionais. E o mercado tá gripado...

O upper bound fica por conta da Folha, que faz o pré-lançamento (por R$ 43,00!) do livro:

Gripe: A História da Pandemia de 1918

Gina Bari Kolata

"Gripe: A História da Pandemia de 1918" (Record) narra a verdadeira história de morte, erros e acertos de uma das mais impressionantes epidemias já enfrentadas pela humanidade. A influenza de 1918 vitimou 100 milhões de pessoas em todo o mundo. Num envolvente trabalho de reportagem científica, a repórter do New York Times Gina Kolata investiga a história por trás desta doença mortal desde sua origem. Analisando relatórios científicos, arquivos médicos de hospitais e pesquisadores, a autora explica porque a gripe de 1918 era tão contagiosa, revela as histórias dos médicos que tentaram combatê-la e mostra como as desastrosas tentativas de "acobertar" a epidemia acabaram por torná-la ainda mais mortífera. Paralelamente, a autora esmiúça a história de grandes epidemias e pragas que assolaram a humanidade, como a Peste Negra da Idade Média e a varíola. De olho no futuro, Kolata detalha os últimos avanços na pesquisa do vírus da gripe, identifica as possibilidades de uma nova epidemia em escala global, aponta medidas de prevenção e mostra como é fundamental uma postura transparente no caso de uma nova ameaça.

Comentários

Tiago Jacques disse…
Professor,suas considerações melembram de uml ivro que li recentemente the Black Swan, livro excepcional. Quanto às características da gripe, são confortadoras pois diferentemente da vaca-louca ou da gripe aviária e febreaftosa, não parece ser transmissível por alimentos,mas suas considerações são sérias e peço sua sugestão de leitura
(ciência ou ciência popular) para entender os mecanismos que vc citou (SIR,Meios excitáveis).
Osame Kinouchi disse…
Tiago,

Coloquei os links da Wikipedia, talvez devessem ser melhor traduzidos para a Wiki lusófona.

Um livro que recomendo é o Ubiquity, do Mark Buchanan, vc pode encontrá-lo aqui:

http://www.amazon.com/Ubiquity-Catastrophes-Happen-Mark-Buchanan/dp/0609809989
Tiago disse…
Ok obrigado.

Postagens mais visitadas deste blog

O SEMCIÊNCIA mudou de casa

Aborto: um passo por vez