Blog pode ser futuro da publicação científica


Renato Tinós me enviou esta notícia do G1:


Stevens Rehen Especial para o G1.

Dois milhões e quinhentos mil artigos científicos são publicados anualmente em 34 mil revistas científicas internacionais. Esse número, apesar de expressivo, não representa nem a metade do conhecimento científico gerado nas universidades e centros de pesquisa ao redor do mundo. Partindo-se do pressuposto que a rápida divulgação da informação é crucial para o avanço do conhecimento, é um contra-senso, num mundo com tantas possibilidades criadas pela internet, qualquer limitação ao acesso e discussão pública da ciência.


O sistema vigente para a avaliação de mérito dos artigos científicos a serem publicados foi implementado há 70 anos e merece ser rediscutido. Baseado na avaliação por pares, na qual revisores anônimos da área de pesquisa abordada pelo artigo discutem sua validade, é um processo laborioso e muitas vezes lento, no qual aproximadamente 70% dos artigos submetidos são rejeitados. Além disso, apesar de envolver a participação de avaliadores anônimos, não impede injustiças, duplicação de resultados já publicados ou até mesmo fraudes.


Na busca por alternativas ao processo tradicional de avaliação e publicação de artigos relacionados às ciências da vida, editores de revistas científicas e 100 jovens pesquisadores convidados de todos os continentes reuniram-se no Fórum Mundial de Ciências da Saúde da Próxima Geração (BioVision.Nxt), realizado mês passado em Lyon, na França. Das discussões, saíram algumas sugestões, como a disponibilização imediata de todos os artigos científicos submetidos em blogs especializados (que funcionariam como as atuais revistas científicas), nos quais ocorreria a avaliação pública e certificação de seu conteúdo por revisores especializados, além da inclusão de comentários e sugestões não anônimas por membros da comunidade científica.


Com isso, 100% da produção científica mundial passaria a estar disponível online. Ao mesmo tempo, injustiças, duplicações de dados e fraudes seriam mais facilmente e rapidamente identificadas. A qualidade e mérito de cada artigo poderiam ser mensurados tanto pelo tradicional número de citações obtidas quanto imediatamente, pelos comentários e apreciação dos artigos postados nos blogs. Uma versão menos audaciosa dessa proposta foi lançada recentemente pela Public Library of Science (PLoS), com o nome de PLoS One (www.plosone.org).

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