Algumas razões para ser um cientista

Pois é, a Mariana quer ser bióloga e a Juliana quer ser astrônoma (basicamente para poder viajar para o Chile e o Hawai). Bom, então eu tenho que decidir: ou eu as enconrajo de verdade (o que já faço em parte com a biblioteca de casa e o aluguel de documentários em DVD que elas gostam muito!) ou eu paro de querer incentivar carreiras científicas. Afinal, seria uma hipocrisia querer para os filhos de outros o que não quero para meus filhos...


Encontrei meio por acaso este livro em pdf (existe a cópia em papel também), Algumas razões para ser um cientista, editado pelo CBPF com apoio do governo Lula. Para degustação:

Depoimento de Frank Wilczek (prêmio nobel de Física de 2004)

Meus pais eram crianças na época da Grande Depressão e suas famílias lutaram muito para sobreviver. Esta experiência marcou muitas de suas atitudes, especialmente suas aspirações sobre meu futuro. Eles investiram na minha educação e na segurança que minha habilidade técnica poderia trazer. Diante do meu bom rendimento na escola, fui encorajado a estudar para ser médico ou engenheiro. Quando eu estava crescendo meu pai, que trabalhava com eletrônica, tinha aulas noturnas. Nosso pequeno apartamento vivia cheio de rádios antigos e televisores de modelos primitivos, além dos livros nos quais estudava.

Era o tempo da Guerra Fria. A exploração espacial era um panorama excitante e novo e a guerra nuclear, assustadora. Estes temas estavam sempre presentes nos jornais, na televisão e no cinema. Na escola, treinávamos para a eventualidade de um ataque aéreo. Tudo isso me marcou e impressionou muito. Eu tinha a idéia de que havia um conhecimento secreto que, quando dominado, permitiria que a Mente controlasse a Matéria de modo aparentemente mágico.

Outra coisa que marcou meu pensamento foi o treino religioso. Tive uma formação católica romana. Eu gostava da idéia de que existia um grande drama e um grande plano por trás de nossa existência. Mais tarde, sob a influência da obra de Bertrand Russel e o desenvolvimento da minha consciência científica, perdi a fé na religião convencional. Uma grande parte da minha busca recente foi feita para recuperar algum do senso de propósito que havia perdido.

Freqüentei escolas públicas no Queens e fui afortunado em ter excelentes professores. As escolas eram grandes e assim podiam ter classes avançadas e especializadas. No ensino médio, tínhamos um grupo de vinte estudantes que estudava junto e competia entre si. Pelo menos metade da turma foi bem sucedida em carreiras científicas ou médicas.

Foto: My hero Feynman giving me grief at Murph Goldberger's birthday party in 1983; the devil horns are from Sam Treiman.

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