Stephen Jay Gould estava errado?
Uma visão comum defendida no século passado era a de que a idéia de progresso é ideológica e deveriamos nos livrar dela, especialmente no âmbito da evolução biológica. Mas fica a pergunta: o combate à idéia de progresso é também ideológico e talvez a noção de que não existe algum tipo de progresso na história seja simplesmente uma maneira ideológica de estar errado.
Se você pensar num espaço morfogenético multidimensional, a expansão de um início simples (uma bactéria) para uma exploração evolutiva cada vez maior deste espaço (em direção aos vírus e em direção aos organismos complexos - infinitos em todas as direções) simplesmente aparece devido à argumentos probabilistas semelhantes aos que justificam a segunda lei da termodinâmica. Se existem caminhos potenciais em direção à organismos complexos (ou seja, se o espaço morfogênico tem algum grau de ergodicidade), então o aparecimento desses organismos é, mais cedo ou mais tarde, inevitável...
A vida está destinada a se tornar cada vez mais complexa, seguindo a lei da evolução das espécies, conclui um estudo realizado por pesquisadores canadenses e britânicos publicado na segunda-feira (17) nos Estados Unidos.
A análise da evolução dos crustáceos, baseada em fósseis a partir de 550 milhões de anos, revela raros exemplos de ramos destes animais que evoluíram para uma estrutura biológica mais simples que seus ancestrais, destacam os autores do estudo, publicado na revista "PNAS", da Academia Nacional de Ciências norte-americana.
A pesquisa mostra uma evolução cada vez mais complexa das estruturas e características biológicas na maior parte dos ramos de crustáceos.
"Um animal cujo organismo é o mais simples possível não pode evoluir senão em uma direção mais complexa", explica Matthew Wills, biólogo da Universidade de Bath, no Reino Unido, um dos autores do estudo.
Cedo ou tarde no curso da evolução, os organismos alcançam um grau de complexidade no qual é impossível voltar atrás para ser novamente um animal mais simples, assinalam os autores do estudo.
"O mais surpreendente é que quase nenhuma das famílias dos crustáceos deu marcha a ré em sua evolução e quase todos os ramos se tornaram paralelamente mais complexos".
As poucas exceções são as espécies de crustáceos parasitas ou que vivem isolados em grutas marinhas. Porém, na maior parte dos crustáceos, a luta pela sobrevivência é uma força determinante para tornar os organismos cada vez mais complexos, conclui o estudo.
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