Receita para a evolução da comida




Segunda, 17 de março de 2008, 10h01 Atualizada às 10h06




Cientistas dão receita para a evolução da comida




Daniel Cressey




Muita gente diz que realmente aprecia comida. Antonio Roque se destaca porque pode apresentar um estudo científico que prova seu amor por ela.






Acompanhado por uma eclética mistura de colegas gastrônomos, que inclui físicos, um cientista da computação e um nutricionista, Roque, que trabalha na Universidade de São Paulo, no Brasil, estudou mais de três mil receitas a fim de examinar a maneira pela qual os ingredientes usados para a alimentação mudaram ao longo do tempo e vieram a se tornar dominantes nas diferentes culturas.
"Acreditamos que seja importante analisar fenômenos culturais como a culinária", afirma Roque. Os integrantes do grupo estudaram, no total, mais de três mil receitas detalhadas em quatro livros de receitas divididas geograficamente e cronologicamente - um do Brasil, um da Inglaterra, um da França e um da Idade Média.
Ao analisar fatores como o número de ingredientes em cada prato e a presença desses ingredientes de preferência a outros, em cada dada cultura, e ao considerar a capacidade de um novo ingrediente para superar e substituir um predecessor tradicional, os estudiosos concluíram que a culinária evolui devagar. Alguns ingredientes tradicionais persistem devido à dificuldade de substitui-los.
Isso deve reconfortar em certa medida as pessoas preocupadas com a possibilidade de que seus pratos locais favoritos venham a ser rapidamente suplantados por cadeias genéricas de restaurantes. O estudo sugere que "a natureza idiossincrática de cada culinária jamais desaparecerá em função de uma invasão de ingredientes e receitas vindos de fora".

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