Por que não sentimos cheiros durante o sonho?

Nariz 'aprende a identificar cheiro de perigo'




O medo pode aguçar o sentido do olfato em uma pessoa a ponto de que ela passe a associar rapidamente um odor que sentiu no passado a uma situação de perigo e a distinguí-lo de outros semelhantes, de acordo com um estudo realizado nos Estados Unidos.

Os pesquisadores da Escola de Medicina Feinberg, da Universidade Northwestern, no Estado de Illinois, submeteram 12 jovens saudáveis a testes envolvendo dois odores muito similares enquanto registravam imagens de ressonância magnética de seus cérebros.



Primeiro, os participantes tiveram que cheirar o conteúdo de duas garrafas. O odor era quase idêntico, com uma variação química sutil. Eles não conseguiram discriminar os aromas.



Depois tiveram que cheirar o conteúdo de uma das garrafas novamente enquanto eram submetidos a uma situação de desconforto - a aplicação de um choque elétrico de baixa intensidade em sua perna. Logo eles aprenderam a distinguir este cheiro específico do outro, que era bastante similar.



Para Wen Li, coordenador do estudo, essa é uma habilidade resultante da evolução. "Isto nos ajuda a ter uma grande sensibilidade para detectar algo que é importante para nossa sobrevivência em um oceano de informações ambientais. Ela nos alerta de que (algo) é perigoso e que nós temos que prestar atenção a isso", disse a pesquisadora.



O estudo será publicado na revista Science.

Na minha versão da Teoria de Crick-Mitchison, estados emocionais fortes (ansiedade, medo, prazer), elicitados pelas narrativas oníricas, são enfraquecidos durante o sono REM. Isso se daria principalmente pela atuação de endocanabinóides na Amígdala durante o sono.
Sabemos que memórias e estados emocionais são fortemente relacionados com a Amígdala, que por outro lado recebe grande aferência do sistema olfatório: essa é a origem do fato de que cheiros singulares despertam memórias antigas, mesmo infantis.
Mas isso implica em uma contradição: dado que memórias e estados emocionais são elicitados durante o sonho, não deveríamos ter sensações olfatórias correspondentes durante os sonhos? Na minha experiência pessoal (e se alguém discordar, comente abaixo), e nos estudos estatísticos sobre conteúdo de sonhos, parece que a prevalência de sensações de cheiro nos sonhos é bastante rara.
Hipótese: ainda dentro da teoria de Crick-Mitchison de enfraquecimento de atratores profundos, um desacoplamento entre o sistema olfatório (seja primário, seja cortical) e a Amígdala durante o sono REM poderia causar um desaprendizado Hebbiano, pois agora os aferentes do sistema olfatório estariam descorrelacionados com a excitação da Amigdala (que é muito grande durante o REM). O mesmo se daria com os eferentes Amigdalares e o cortex olfatório.
Idéia para pesquisa: Fazer imagens de FMRi durante o sono REM e verificar a existência de correlação ou não entre sistema olfatório e sistema límbico.

Comentários

Anônimo disse…
Oi, Osame. Muito interessante os e intrigantes os teus posts. Os assuntos deles são bem parecidos com os do canal de ciência de um dos clientes que atendemos aqui na Edelman, empresa de Rp, o como tudo funciona (http://ciencia.hsw.com.br ). Aliás, cheguei até aqui pesquisando por assuntos relevantes a pautas do site. Um abraço, Clarissa
Osame Kinouchi disse…
Obrigado Clarissa pela dica, colocarei o link no blogroll ao lado.

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