Miss Cientista II


As mulheres cientistas bonitas sofrem um duplo preconceito: por serem mulheres e por serem bonitas.


Um colega me relatou as reações de seus estudates de pós quando estavam fazendo uma pesquisa bibliográfica sobre os trabalhos de Réka Albert, cientista que estuda redes complexas. Primeiro ficaram surpresos com sua produção (engraçado que outro colega me disse que pensava que Réka fosse nome de homem). Concluiram que deveria ser daquelas cientistas mulheres "feias", ou seja, cuja vida social é tão pobre que sobra muito tempo para se dedicar integralmente à ciência. Após visitar sua página e ver suas fotos, preceberam que Réka de modo algum é "feia".


Conclusão: Réka deveria ser "mal-amada" (incrível o uso desses termos machistas mesmo dentro da comunidade científica, não?) Porém, maiores informações da mesma página mostraram que Réka tem um casamento normal com dois filhos.


Ora, o problema é que realmente o fator "beleza" pode afetar a carreira acadêmica das mulheres cientistas, tanto a favor (pessoas bonitas causam boa impressão em seminários, entrevistas para contratação etc, como em qualquer outra atividade humana) como contra (o preconceito de que receberam "ajudinha" de orientadores e colegas pelo fato de serem bonitas).


Acho que o fator principal, porém, é a inveja: sempre queremos minimizar o mérito das pessoas que estão concorrendo conosco (e a comunidade científica é muito competitiva). Uma cientista bonita com poucos papers é tolerável. Mas se ela é competente e tem muita produção, ficamos tentando achar maneiras de minimizar isso. E isso não é apenas machismo: suas colegas mulheres são muitas vezes as mais interessadas em "puxar o tapete".

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