Viva la Evolución

Só para provocar: Leo cita em um post o finado Roberto Campos:
Nas democracias, pequenos grupos de interesses especiais conseguem fazer barulhos desproporcionais e intimidar os representantes eleitos da maioria silenciosa. O fenômeno contemporâneo das ONGs ilustra bem as dificuldades.
As ONGs são meras organizações, associações ou clubes que se estabelecem por conta própria, dizem de si mesmas o que querem, e não estão sujeitas a eleições ou outro mecanismo formal de validação.
Roberto Campos era muito conhecido por suas falácias e raciocínio retórico. Acho que hoje a Econofísica o desmentiria fácil, fácil, por exemplo na questão do individualismo metodológico(postarei sobre isso semana que vem). Mas hoje eu gostaria de compartilhar com vocês um dos meus métodos para detetar de falácias.
Para isso, basta você copiar a afirmativa falaciosa e substituir termos chaves de modo que ela afirme agora algo contrário à ideologia do autor. Se a frase fizer sentido com um mínimo de mudanças, provavelmente é falaciosa. Exemplo:
Nas democracias, pequenos grupos de interesses especiais conseguem fazer barulhos desproporcionais e intimidar os representantes eleitos da maioria silenciosa. O fenômeno contemporâneo dos lobbies corporativos ilustra bem as dificuldades.
As empresas são meras organizações, associações ou clubes que se estabelecem por conta própria, dizem de si mesmas o que querem, e não estão sujeitas a eleições ou outro mecanismo formal de validação.
Sacaram?

Comentários

Caro Prof. Osame,
Obrigado pela referência e, não menos, pela provocação! Eu não tenho condições de defender ningém (no máximo, idéias), mas creio que, ao menos no exemplo exposto, há um problema: lobbies são exatamente a diferença entre livres mercados e os capitalismos atuais, dado que representam interesses monopolistas.

Os defensores do Estado Mínimo dizem que justamente o excesso de poder do Estado faz com que empresas e grupos de empresas flertem com os poderosos de plantão (da mesma forma que ONGs). Empresas, em si, estão sujeitas ao mais severo mecanismo de validação, que é a escolha do consumidor ( http://en.wikipedia.org/wiki/Dollar_voting ). Assumindo que não haja monopólios - o que aí sim é um desafio, principalmente em áreas com monopólios de recursos como aviação, energia, etc.

Portanto, se substituirmos a palavra "empresas" grifada em vermelho por "lobbies", veremos que a frase continua válida. Disso eu concluo (ilação minha) que ONGs também podem ser legitimadas através de competição, criadora de uma validação democrática (bottom-up, em oposição a lobbies, que são top-down), e distanciamento de grupos de poder. Acho que isso já acontece, com ONGs em terrenos mais bem servidos por outras ONGs e cujo discurso e ações sejam voltados à população (e não aos governantes) tendo maior credibilidade.

Aguardo o post sobre Econofísica, sobre o qual eu não sei nada. Aliás, não sou economista e meu conhecimento sobre Economia (e outras ciências culturais) é superficial, na melhor das hipóteses...

Um abraço,
Leo

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