O Ponto da Virada


Estou lendo "O Ponto da Virada", de Malcolm Gladwell, um exemplo de divulgação científica em formato auto-ajuda que talvez seja o formato viável para o atual público brasileiro.

A tese central do livro é que muitos comportamentos coletivos são do tipo epidêmico (eu diria, são avalanches em meios excitáveis - porque a sociedade humana é um meio excitável). Ele estuda vários casos de modas, propagação de comportamentos etc, todos com ingredientes característicos de uma epidemia ou comportamento contagiante:

1. Uma variação lenta em um parâmetro (por exemplo, número de formadores de opinião que adotam uma posição) de forma a nuclear a epidemia;
2. Uma fase de decolagem ou crescimento exponencial por contágio social (o ponto de virada ou turning point;
3. Uma saturação devido ao fato de que as pessoas adquirem imunidade a uma mensagem se ela for repetida muitas vezes.

O item 3 me fez refletir: talvez eu devesse falar menos de Marina Silva ou da gripe suína, deixar tais posts para o momento mais certo e necessário, a fim de evitar a saturação (imunidade) nos meus leitores...

Em todo caso, recomendo o livro aos ativistas do Movimento Marina Silva e ao pessoal que vai fazer o marketing de sua campanha: o efeito Obama foi um típico caso de contágio social mediado pelos jovens via SMS, redes sociais, blogs e Twitter. Dado que Marina não tem dinheiro ou tempo de TV para a campanha, o que lhe resta é esta estratégia (muito eficiente, por sinal) de propaganda boca-a-boca (twitter-a-twitter, melhor dizendo).

Neste livro, você verá que, ao contrário do que estamos habituados a pensar, nossa maneira de ser e agir não é algo orientado unicamente por nossos genes. Sofremos uma influência extrema do meio em que vivemos e da personalidade e do comportamento das pessoas que nos cercam.

Em grande parte, é graças a isso, segundo Malcolm Gladwell, que se propagam os fenômenos que ele chama de epidemias sociais. O Ponto da Virada, explica o autor, é justamente o momento em que pequenas mudanças entram em ebulição, fazendo com que a trajetória de uma tendência ou de um comportamento dê uma guinada e se alastre. Ou se acabe.

Desempenhando um papel essencial nessas epidemias estão três tipos interessantes: os Experts − indivíduos que atuam como "bancos de dados", fornecendo a mensagem −, os Comunicadores − ou "cola social", aqueles que espalham a informação − e os Vendedores − pessoas capazes de nos convencer quando não acreditamos no que estamos ouvindo.

Gladwell nos apresenta ainda a outros dois elementos fundamentais nesse processo. Um deles é o Fator de Fixação − aquilo que evita que a mensagem entre por um ouvido e saia pelo outro, garantindo a assimilação de uma mudança ou inovação. O segundo é o Poder do Contexto − as fortes influências que o tempo e o ambiente exercem sobre nós.

O objetivo de toda essa reflexão, afirma o autor, é, em suma, responder a duas perguntas: "Por que alguns comportamentos, produtos e idéias deflagram epidemias e outros não? E o que podemos fazer intencionalmente para desencadear e controlar as nossas próprias epidemias positivas?"

Gladwell responde às duas questões dizendo basicamente o seguinte: o mundo, por mais que queiramos, não corresponde àquilo que a nossa intuição nos diz. As pessoas que têm sucesso na criação de uma epidemia social testam sua forma de ver as coisas e a adaptam para que a inovação possa ser assimilada e disseminada.

"Quando procuramos fazer com que uma idéia, uma atitude ou um produto alcance o Ponto da Virada, estamos tentando mudar o nosso público em algum aspecto, pequeno porém crítico: pretendemos contaminá-lo, arrebatá-lo com nossa epidemia, fazer com que passe da hostilidade para a aceitação", conclui ele.

Comentários

Renata letrabrasil@hotmail.com disse…
Oi...adorei seu blog, adoro ler, gosto muito de escrever...nas horas vagas faço orientação a trabalhos científicos, pretendo fazer novas amizades com pessoas que amam estudar...abraços boa semanaa..
sobre o livro: deve ser bem interessante gostei do assunto...

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